O relatório da CPMI do Oito de Janeiro é devastador para Jair Bolsonaro e alguns de seus ex-ministros. Mais do que a soma de todos os erros, a insistência da bancada bolsonarista na instalação de tal comissão de investigação foi a soma de todas as estupidezes, amadorismos e improvisos e oportunismos que caracterizam o fracassado método bolsonarista de fazer política. Nós avisamos. Ditto!


por paulo eneas
A senadora Eliziane Gama (PSD-RN), relatora da CPMI do Oito de Janeiro, apresentou nesta terça-feira (17/10) o relatório final a ser levado ao plenário da comissão. Conforme esperado e sem novidade alguma, o relatório pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ex-ministros, por conta de suposta reponsabilidade direta ou indireta pelos episódios de depredação e invasão de prédios públicos em Brasília (DF) em 8 de janeiro desse ano.

O pedido de indiciamento constitui-se numa recomendação aos órgãos de investigação. Caberá ao Ministério Público acolher ou não a recomendação. A “oposição”, que foi massacrada politicamente e passou por momentos de constrangimento e humilhação na comissão ao longo desses meses, irá apresentar um relatório paralelo. O relatório oficial será votado na comissão nesta quarta-feira (18/10).

A relatora acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de “responsabilidade direta, como mentor moral, por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista”, diz trecho do relatório.

A senadora Eliziane Gama foi efusivamente elogiada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) quando de sua escolha para a relatoria da comissão de inquérito. Dentre as recomendações de indiciamento constantes do relatório estão e as respectivas imputações criminosas, estão:

• Jair Bolsonaro
– Associação criminosa
– Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Tentativa de depor governo legitimamente constituído
– Emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos

• General Braga Netto
– Associação criminosa
– Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Golpe de Estado

• Anderson Torres
– Associação criminosa
– Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Golpe de Estado
– Restringir, impedir ou dificultar o exercício de direitos políticos

General Augusto Heleno
– Associação criminosa
– Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Golpe de Estado

• General Luiz Eduardo Ramos
– Associação criminosa
– Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Golpe de Estado

• General Paulo Sérgio Nogueira
– Associação criminosa
– Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
– Golpe de Estado

A maior parte das imputações criminais elencadas nos pedidos de indiciamento referem-se a crimes previstos nos artigos da Lei 14197 aprovada em pela então bancada governista no Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro em 1 de setembro 2021, conforme mostramos no artigo Noventa Presos do Oito de Janeiro São Liberados: Conheça a Lei Aplicada Contra os Acusados, publicado em agosto deste ano.

Influenciadores digitais, sites e canais bolsonaristas têm ocultado sistematicamente do público qualquer menção ou informação sobre esta lei.

Conforme antecipamos… ditto!
Conforme antecipamos… o conteúdo do relatório da CPMI do 8 de Janeiro terá o condão de incriminar um número maior de bolsonaristas nos episódios do 8 de janeiro. Paradoxalmente, foram os próprios bolsonaristas quem mais pressionaram pela instalação desta comissão de inquérito, enquanto o governo petista colocava-se contra.

Desde o início alertávamos que uma CPI ou CPMI sobre o Oito de Janeiro produziria resultados desastrosos para os bolsonaristas, pelos seguintes motivos:

1) Desqualificação e despreparo da bancada bolsonarista para esse tipo de embate:
O método bolsonarista de fazer política consiste unicamente na lacração, mitada e performance em comissões e na tribuna (às vezes até com peruca) para gerar recortes para engajamento em rede social. Esse método é infantil e tolo e não produz resultados.

2) Despreparo da bancada para enfrentar, tanto no plano discursivo quanto no tratamento dos fatos concretos, os quadros mais experientes da esquerda. Foi exatamente o que vimos nos meses de comissão, onde bolsonaristas levaram surra de reio da esquerda na maioria das vezes.

3) Avisamos que o efeito da CPMI seria dar mais elementos para incriminar mais pessoas no atos do dia oito, pois a esquerda sabe como usar esse instrumento de guerra política, enquanto a pseudo-direita bolsonarista o desconhece por completo. Ditto!

4) Dissemos que o efeito da CPMI seria conferir uma chancela ao nível do parlamento às acusações já imputadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público aos supostos envolvidos direta ou indiretamente naqueles episódios. Ditto!

Muito provavelmente o relatório da senadora Eliziane Gama será aprovado, pois a ala governista foi hábil o bastante para ter maioria na comissão. A aprovação do relatório oficial irá dar um respaldo institucional a mais às acusações imputadas aos supostamente envolvidos no episódio.

Mais do que a soma de todos os erros, a insistência da bancada bolsonarista na instalação de tal comissão de investigação foi a soma de todas as estupidezes, amadorismos e improvisos e oportunismos que caracterizam o fracassado método bolsonarista de fazer política. Nós avisamos. Ditto!

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