por paulo eneas
A campanha de primeiro turno da sucessão municipal paulistana chega ao fim em meio a mais completa vacuidade de propostas por parte dos três candidatos melhor colocados nas pesquisas para os inúmeros problemas urbanos da capital paulista. Nenhum eleitor ou mesmo jornalista político consegue assinalar de pronto o que distingue esse três candidatos, Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL), em termos de propostas políticas administrativas para a cidade.

A campanha inteira foi marcada pelo empenho dos candidatos em performances midiáticas (que incluiu cadeiradas e agressões físicas), lacrações em debate e em rede social, acusações recíprocas das mais graves, inclusive de ligações com crime organizado e uso de entorpecentes, e retóricas ideológicas ocas que revelam apenas a ausência de propostas políticas concretas que possam ser cobradas pelo eleitor mais adiante.

As pesquisas indicam que dois dentre os três candidatos acima estarão no segundo turno a ser realizado no final desse mês de outubro. Em termos estatísticos, poderão ser quaisquer dois dentre os três candidatos mais bem colocados. Mas que o leitor não se engane: qualquer que seja o vencedor, as forças políticas associadas a cada um destes três candidatos estarão contempladas de uma alguma forma na futura administração municipal.

Basta lembrar, para citar apenas um exemplo, que a petista Marta Suplicy, apoiadora de Guilherme Boulos por ordem de Lula, estava até o ano passado exercendo cargo-chave na gestão de Ricardo Nunes, candidato a reeleição que Jair Bolsonaro enfiou goela abaixo de sua base e do eleitorado.

Portanto, a rigor, não há diferença alguma entre os três nomes mais bem colocados. A disputa eleitoral em si, em nosso atual marco político-partidário, é apenas uma encenação para promover mudanças que assegurem que tudo continue do jeito que está.

O Caso Pablo Marçal
Ainda que seja impossível cravar com segurança quais serão os dois nomes que irão para o segundo turno, vale a pena analisar o caso Pablo Marçal. O candidato que fez fortuna como coacher é um autêntico cosplay em modo de flash back contínuo de Jair Bolsonaro de 2018.

Sua estratégia de campanha utiliza as mesmas técnicas, os mesmos recursos, os mesmos rompantes retóricos, os mesmo instrumentos de apelo emocional alavancados por espantalhos escolhidos a dedo para se bater e que foram empregados em 2018 e em 2022.

Essa estratégia, desenvolvida por Steve Bannon na campanha de Donald Trump ainda em 2016, consiste basicamente em jogar todo o embate político no campo da emotividade e do medo turbinados por uma retórica ideológica oca, que serve apenas para gerar hypes de engajamento e ocultar a ausência de qualquer projeto sério de governo.

Trata-se de uma técnica de manipulação de massas eficiente e que gerou resultados para Donald Trump em 2016, e depois para Jair Bolsonaro em 1018. Mas essa técnica começou a vazar água nas tentativas frustradas de ambos de obter um segundo mandato por meio de reeleição. Por outro lado, a mesma técnica funcionou com variações para Javier Milei na Argentina em 2023.

Uma eventual não ida de Pablo Marçal ao segundo turno do pleito municipal paulistano poderá sedimentar o esgotamento dessa técnica de manipulação, cuja pá de cal será uma eventual derrota de Donald Trump nas eleições americanas de novembro. Os resultados desse domingo em São Paulo e de novembro nos Estados Unidos irão dizer se nossa avaliação está ou não correta.

Afinal, que opção teria o eleitor paulistano de direita?
Ao nosso ver, do ponto de vista de uma candidatura competitiva com chances reais de vitória, nenhuma e ponto. Não existe direita política organizada e consolidada no Brasil com capacidade hoje de projetar poder. Por extensão, não existe candidato competitivo oficialmente em disputa na sucessão paulistana, nem de qualquer outra cidade do país, com uma plataforma político-programática séria e consistente que se possa considerar de direita.

Da mesma forma como não existia candidato de direita na sucessão presidencial de 2018. Com a diferença que naquele ano milhões de eleitores brasileiros de direita foram enganados por essa mesma técnica manipulatória agora empregada por Pablo Marçal e que foi usada naquele ano pelo então deputado do baixo clero Jair Bolsonaro.

Mas hoje, só se engana quem se permite ser enganado.

Ao nosso ver, a única candidatura à prefeitura que apresentou nessa campanha sucessória paulistana um conjunto de propostas de governo municipal que estão em linha com com o que normalmente se associaria a um plano de governo de direita é a candidata Marina Helena, do Partido Novo.

O Plano de Governo de Marina Helena pode ser visto nesse link aqui, e o eleitor paulistano de direita poderá considerar essa opção se julgar apropriado, caso não queira votar nulo para prefeito já nesse primeiro turno da eleição.

O que não faz sentido ao nosso ver é o eleitor instruído de direita votar em Pablo Marçal ou Ricardo Nunes acreditando estar votando em um nome “de direita” para supostamente “barrar o Boulos”.

Isso é uma narrativa política ficcional criada pelo bolsonarismo para justificar a decisão de Jair Bolsonaro de impedir e bloquear a viabilização de qualquer candidato competitivo autenticamente de direita para a prefeitura paulistana desde 2020. Basta lembrar o fiasco de Celso Russomano em 2020.

Trata-se de uma narrativa política ficcional por que, como já afirmamos, qualquer que seja o vencedor do pleito entre os três nomes mais bem colocados nas pesquisas, as forças políticas detrás de cada um desse três candidatos estarão contempladas com cargos e participação na futura gestão municipal.

O ditado popular diz que errar uma vez é humano, cometer o mesmo erro uma segunda vez é burrice. Acreditamos que o eleitor instruído de direita paulistano pode ter sido enganado uma vez, mas seguramente não é burro.

Para as Câmaras Municipais, existem poucos candidatos de direita à vereança por todo o país, inclusive nos partidos que usurparam o campo da direita como o PL de Jair Bolsonaro e de Valdemar da Costa Neto. O que tem ocorrido é o contrário: em várias cidades do país candidatos a vereador do campo da esquerda disputarão a eleição pelo PL de Bolsonaro, apresentando-se como se direita fossem.

No caso paulistano, a candidatura à vereança que recomendamos e apoiamos é da geógrafa Nilceia Bianchini, que atua nos movimentos de direita desde 2014 e possui uma plataforma política focada em temas concretos que afetam o dia a dia das pessoas comuns. Alguns desses temas são moradores de rua, saúde mental e escolas militares. Os conteúdos da propostas podem ser vistos em vídeos nos respectivos links acima.

Disclaimer:
A observação que fizemos aqui sobre a candidatura de Marina Helena não resulta de acordo ou compromisso de qualquer tipo de nossa parte com a candidata do Partido Novo. Trata-se apenas do registro de perfil comparativo em relação aos demais candidatos e que estamos trazendo para uma avaliação por parte do leitor e eleitor, que irá fazer sua escolha como julgar apropriado.

 

 

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