por angelica ca e paulo eneas
O ditador russo Vladimir Putin agradeceu na última terça-feira (18/06) o também ditador norte-coreano, Kim Jong-un, por apoiar a invasão russa da Ucrânia. Em visita à Coreia do Norte para negociar novo fornecimento de armamentos norte-coreanos ao débil aparato militar russo, Vladimir Putin afirmou no encontro que as duas ditaduras, a russa e a norte-coreana, irão “cooperar estreitamente” para superar as sanções lideradas contra os dois países impostas pelo Ocidente.
Em artigo publicado pela mídia estatal norte-coreana horas antes da chegada programada de Vladimir Putin à capital do país para uma visita de dois dias, o ditador russo elogiou o regime genocida de Pyongyang por supostamente resistir ao que descreveu como “pressão econômica, chantagem e ameaças norte-americanas”.
Putin, que faz a sua primeira viagem à Coreia do Norte em 24 anos, elogiou no artigo o camarada Kim Jong-un e prometeu “resistir em conjunto às restrições unilaterais ilegítimas” e afirmou que a Rússia e a Coreia do Norte desenvolverão sistemas comerciais e de pagamentos que não são controlados pelo Ocidente”.
O ditador russo também afirmou que os dois países continuarão a “opor-se resolutamente” ao que descreveu como ambições ocidentais de “impedir o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar baseada no respeito mútuo pela justiça”.
Cabe aqui esclarecer o leitor que nova ordem mundial multipolar é o nome sofisticado e dissimulado do globalismo russo centrado em Moscou: um projeto de poder que visa centralizar as relações políticas e econômicas e geopolíticas mundiais em torno do eixo russo-chinês.
Esse projeto de natureza absolutamente autoritária, hostil às soberanias nacionais e às economias de mercado é empacotado com uma rotulagem “conservadora” e “cristã” e conta com o apoio e endosso de larga parcela da direita ocidental, que alia-se com ditadores como o da Coreia do Norte em apoio à Rússia na sua guerra de agressão contra a Ucrânia.
Por suas vez, a mídia estatal da ditadura norte-coreana, a única mídia existente na Coreia do Norte, também publicou artigos elogiando a Rússia e apoiando suas operações militares na Ucrânia, chamando-as de “guerra sagrada de todos os cidadãos russos”.
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, reiterou na segunda-feira (17/06) as alegações de que a Coreia do Norte forneceu “dezenas de mísseis balísticos e mais de 11.000 contêineres de munições à Rússia” para uso na Ucrânia, possivelmente em troca de ajuda militar e tecnologias essenciais russas.
Juntamente com a China, a Rússia forneceu cobertura política aos esforços contínuos de Coreia do Norte para melhorar o seu arsenal nuclear, bloqueando repetidamente no âmbito das Nações Unidas todos os esforços liderados pelos Estados Unidos para impor novas sanções ao regime norte-coreano por conta de seus testes com armas nucleares.
O que fica claro é que a visita de Putin à Coreia de Norte não foi, obviamente, para fins de cortesia e agradecimento, mas para negociar mais apoio bélico norte-coreano ao débil exército russo em sua tentativa de impor uma derrota à Ucrânia.
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