O objetivo estratégico de uma guerra contra terroristas deve ser sempre o de liquidar o inimigo, para que novos ataques futuros não ocorram. O resgate do reféns deve fazer parte do plano de operações dentro deste objetivo e não ser o núcleo desse plano, pois é justamente para isso que o Hamas realizou os sequestros. Mais uma vez o establishment político e militar israelense decide entrar num conflito segundo os termos impostos pelo inimigo, e não com o objetivo de resolver o problema do terrorismo, mas apenas administra-lo segundo as balizas ditadas pela opinião pública e lobby midiático internacional.
por angelica ca e paulo eneas
Conforme alguns analistas já antecipavam, com base em experiências históricas recentes, no momento em que estava sendo derrotado no campo militar, como era esperado, o grupo terrorista Hamas obtém uma vitória impondo um cessar-fogo a Israel, sob pretexto de “pausa humanitária” para troca de reféns israelenses civis sequestrados por criminosos e terroristas do Hamas condenados e presos em Israel.
O governo de Israel aprovou na noite desta terça-feira (21/11) um acordo pelo qual o grupo terrorista Hamas libertará aproximadamente 50 reféns (mulheres e crianças) em troca de um cessar-fogo pretensamente humanitário de quatro dias. A cada 10 reféns adicionais libertados resultará em mais um dia de pausa nos combates em Gaza.
Durante a trégua, as autoridades israelenses se comprometeram a não prender ou atacar nenhum terrorista na Faixa de Gaza. Também deixarão de sobrevoar completamente a parte sul do enclave e a zona norte durante seis horas por dia.
Cerca de de 240 judeus, incluindo mulheres, idosos e crianças e bebês, foram raptados e levados para Gaza durante o ataque brutal do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro.
O Ministério da Justiça de Israel divulgou uma lista de prisioneiros terroristas condenados em Israel que deverão ser libertados como parte do acordo com os terroristas do Hamas. A lista tem 300 nomes.
Nenhum desses terroristas foi condenado por homicídio. Alguns foram condenados por tentativa de homicídio e agressão agravada. Outros foram condenados por delitos que a justiça israelense considera “menores”, como contato com um grupo ilegal, detonação de explosivos, lançamento de pedras e incêndio criminoso.
O acordo anunciado ocorre após semanas de negociações lideradas pelo Catar, pelos Estados Unidos e pelo Egito. O Ministro da Segurança Nacional, MK Ben Gvir criticou o acordo e disse que ele abre “precedente perigoso” que muda a equação e pode trazer mais eventos (sequestros).
Ben Gvir disse que muitos mais civis israelenses permanecem reféns e não há qualquer negociação sobre os soldados israelenses que foram raptados pelo Hamas. Segundo o ministro, Israel repete erros do passado, fazendo uma referência ao acordo Gilad Shalit de 2011, pelo qual mais de 1.000 terroristas foram libertados em troca de um soldado israelense.
Defensores do acordo alegam que o objetivo estratégico do Estado de Israel é libertara seus reféns. Se este é o objetivo, então Israel já saiu derrotado, apesar da sua inegável superioridade militar, pois aceitou lutar segundo os termos impostos pelo inimigo.
O objetivo estratégico de qualquer guerra, em especial contra terroristas, deve ser sempre o de liquidar o inimigo, para que novos ataques futuros não ocorram. O resgate do reféns deve fazer parte do plano de operações dentro destes objetivo e não ser o núcleo desse plano, pois é justamente para isso que o Hamas realizou os sequestros.
Mais uma vez o establishment político e militar israelense opta por não resolver o problema do terrorismo, mas em vez disso administra-lo, segundo balizas ditadas pela opinião pública e lobby midiático internacional.