por paulo eneas
O governo petista obteve uma Vitória de Pirro na noite desta quarta-feira (31/05) com a aprovação pela Câmara dos Deputados da Medida Provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios, que resultou na criação de um total de 37 pastas.  A Medida Provisória, que perderia a validade à meia-noite desta sexta-feira se não fosse votada, obteve 337 votos favoráveis e apenas 125 contrários.

A aprovação somente foi conseguida após o governo petista ter liberado o montante de R$1.7 bilhão de reais em emendas parlamentares e após uma quase chantagem do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que sinalizou que a medida provisória poderia não ser votada ou rejeitada se os pleitos dos parlamentares, especialmente do Centrão, não fossem atendidos.

O texto aprovado, de autoria do relator Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), enfraquece e esvazia as atribuições do Ministério do Meio Ambiente, ainda comandado por Marina Silva. Dentre os destaques a serem votados nesta quinta-feira, antes da apreciação da matéria pelo Senado, está o que retira ainda mais atribuições da pasta do Meio Ambiente e extingue o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A vitória aparente do governo foi uma Vitória de Pirro, pois serviu para escancarar a fragilidade política do governo petista no Congresso Nacional e evidenciou o quanto o Centrão de fato dá as cartas na cena política:

a) Arthur Lira não apenas colocou uma faca no pescoço do governo, ao deixar claro que a medida provisória poderia não ser votada ou ser rejeitada, como ainda desacreditou e descredibilizou em público a articulação política petista chefiada por Alexandre Padilha e por Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil.

b) Ficou evidenciado também que o método de negociação e barganha do Executivo com o Congresso Nacional aprofundado na Era Bolsonaro por meio das emendas parlamentares caiu no gosto Legislativo, de modo que os petistas, críticos ferrenhos deste método quando eram oposição, terão agora que engolir a seco e fazer exatamente aquilo que antes criticavam.

A aprovação da Medida Provisória criando os 37 ministérios petistas, ao custo anual estimado de R$10 bilhões, após a liberação de R$1.7 bilhões em emendas parlamentares, mostra também que os grandes embates políticos entre estes dois poderes não se dão em torno de temas ideológicos ou de real interesse material da população, mas sim em torno de barganhas que ao fim e ao cabo resultam por onerar ainda mais os cofres públicos.


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