por angelica ca
Com uma diferença de mais de dez pontos nos primeiros resultados oficiais, foi confirmado neste domingo (19/11) a vitória do economista Javier Milei (La Libertad Avanza-LLA) como novo presidente da Argentina, por um período de quatro anos que terá início em 10 de dezembro.
Antes de serem divulgados os primeiros resultados, com 86.6% dos votos apurados, o peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa (Unión por la Pátria), reconheceu a derrota em discurso transmitido pela televisão na noite de domingo.
Javier Milei recebeu 55.69% contra 44.3% de Massa. Os resultados são parciais e a apuração final oficial somente sairá na quarta-feira (22/11). A votação de ontem transcorreu sem incidentes significativos e teve uma taxa de participação de 76% do eleitorado apto a votar, pouco abaixo dos 77.04% do primeiro turno.
Javier Milei irá receber o país vizinho para governar sob uma inflação acumulada de 12 meses que passou de 140% em outubro. O país passa por uma de suas maiores crises econômicas em décadas.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Javier Milei prometeu “cumprir todos os compromissos assumidos durante a campanha”, garantiu que “uma forma de fazer política acabou” e anunciou que implementará mudanças fortes imediatamente.
Javier Milei é apontado como um economista libertário, que entrou no cenário político há apenas dois anos, mas carece de experiência em gestão pública. Na sua campanha prometeu fazer um corte drástico nos gastos públicos, fechar o Banco Central da Argentina e dolarizar a economia do país.
No artigo Eleições Argentinas: Los Hermanos Diante de Duas Alternativas Ruins que publicamos em outubro, apontamos as dificuldades de algumas de suas propostas, principalmente a de dolarização da economia argentina, a mesma fórmula adotada nos anos noventa pelo presidente peronista Carlos Menem.
Outras das suas propostas incluem a convocação de um plebiscito popular para revogar a lei que legaliza o aborto, a desregulamentação do mercado legal de armas e a aplicação de tarifas sobre a saúde e a educação públicas, entre outras.
Em termos de política externa, em repetidas ocasiões o economista libertário garantiu que iria romper relações diplomáticas com o Brasil e a China porque os considerava países comunistas. Ele expressou abertamente o seu interesse em manter laços estreitos com os Estados Unidos e Israel.
Toda a estratégia de comunicação política adotada por Javier Milei na sua campanha mimetizou a estratégia usada por Jair Bolsonaro no Brasil em 2018, e que resultou na sua vitória naquele ano.
A vitória de Javier Milei encerra mais um ciclo nominal de governos peronistas na Argentina. Resta agora saber se o novo governo irá de fato conseguir superar o peronismo como prática política que prevalece no país vizinho há décadas.
Analisaremos as possibilidades de sucesso ou não de Milei e as lições que a direita brasileira pode depreender da nova experiência argentina em artigo em separado.