por paulo eneas
O ministro Flavio Dino poderá ser convocado pela Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre visitas de que uma suposta integrante da organização criminosa Comando Vermelho teria realizado ao Ministério da Justiça em março deste ano. O requerimento de convocação do ministro foi feito nesta segunda-feira (13/11) junto às comissões de Segurança Pública e de Controle e Fiscalização da Câmara dos Deputados.
O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado federal Sanderson (PL-RS) afirmou que “receber na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública a esposa de um dos maiores traficantes do país, sendo ela própria condenada por associação para o tráfico e achar normal é o fim do mundo”.
Segundo reportagem do jornal Estadão, no primeiro semestre desse ano integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública teriam recebido Luciane Barbosa Farias em duas audiências. Luciane é esposa de Clemilson dos Santos Farias, líder da facção criminosa Comando Vermelho no Estado do Amazonas.
Ainda segundo o Estadão, Luciane seria conhecida como “dama do tráfico amazonense” e teria estado na sede do Ministério da Justiça no dia 19 de março deste ano para audiências com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça. Luciane também teria sido recebida em segunda audiência no dia 2 de maio por Rafael Velasco Brandani, chefe da Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça.
Em sua rede social, Luciane afirma que as visitas destinaram-se a tratar de assuntos relacionados a revistas de familiares em visita a presos e supostas violações de direitos humanos dos detentos. Ainda segundo o Estadão, Luciane também teria se reunido com a diretora da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais, Paula Cristina da Silva Godoy, e com Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária.
Condenações por lavagem de dinheiro e tráfico
Luciane Barbosa Farias e o marido Clemilson dos Santos Farias foram condenados pela segunda instância da justiça pelos crimes de associação para o tráfico e organização criminosa, além de lavagem de dinheiro. Luciane Barbosa foi sentenciada a dez anos de prisão e responde em liberdade.
Por sua vez, o Ministério da Justiça alega que as audiências foram solicitadas por uma entidade privada de advogados e não pela pessoa física de Luciane Barbosa.
O titular da pasta, ministro Flavio Dino, publicou em sua rede social comunicado afirmando nunca ter recebido “líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho” em audiência no ministério, e afirma que “simplesmente inventam a minha presença em uma audiência” que, segundo o ministro, não teria sido realizada em seu gabinete.