por paulo eneas
O presidente do Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro, Valdemar da Costa Neto, negou nesta segunda-feira (04/09) a possibilidade de aliança do PL com o PT em algumas cidades nas eleições municipais do ano que vem. A negativa veio por meio de mensagem publicada nas redes sociais.
A notícia de uma possível aliança do PL com o PT nas eleições municipais do ano que vem foi divulgada também nesta segunda-feira pelo site O Antagonista, citando reportagem do jornal O Globo. Segundo o site, as alianças poderiam ocorrer no Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão e Bahia, onde os entendimentos entre pelistas e petistas estariam em andamento.
A negativa de Valdemar da Costa Neto, ainda que enfática, não é convincente. Parcela expressiva da bancada do Partido Liberal tem votado com o governo petista em todas as matérias de interesse relevante para Lula no Congresso Nacional. Além do PL, as bancadas do PP e do Republicanos têm assegurado a governabilidade ao governo petista.
O Partido Liberal, para o qual o ex-presidente Jair Bolsonaro empurrou toda a extinta direita parlamentar que nele ficou reduzida a um “puxadinho” da sigla, se apresenta como sendo um partido “de direita”, mas segue adotando todas as práticas do que existe de pior na tradição do fisiologismo político brasileiro.
O “direitismo” do Partido Liberal é idêntico ao do ex-presidente Jair Bolsonaro: limita-se à retórica da repetição de slogans e frases de efeitos sobre a família, a recorrência demagógica ao nome de Deus e outros recursos discursivos que são apenas estratégias de comunicação para cativar e enganar o eleitor comum de direita.
Não existe nada no programa e na atuação política concreta do Partido Liberal que expresse algum compromisso programático, menos ainda ideológico, com qualquer coisa que se assemelhe à direita política e menos ainda ao conservadorismo.
Foi durante o Governo Bolsonaro que o PL atuou de modo decisivo para sepultar a PEC do voto impresso. O próprio Valdemar da Costa Neto publicou vídeo se ufanando de seu partido ter sido o protagonista da derrota daquela emenda constitucional. O partido votou em peso pelo aumento do Fundo Eleitoral. E abraça, juntamente com seu puxadinho formado pela bancada bolsonarista, todas as pautas progressistas que a esquerda impõe ao debate político.
Dos três partidos que formavam a base do antigo Governo Bolsonaro, PP, PL e Republicanos, dois deles já migraram para a base do governo petista: PP e Republicanos, como mostramos em reportagem semana passada. Esse partidos foram apresentados por Jair Bolsonaro como sendo a futura “oposição de direita” ao Governo Lula, e praticamente todos os seus parlamentares foram eleitos com apoio do ex-presidente.
O fato é que não existe “oposição de direita” no Brasil. Existe o petismo com seus aliados ideológicos e o Centrão representado principalmente pelos três partidos que formavam a base parlamentar de Bolsonaro. O Centrão irá migrar integralmente para a base do governo petista no momento apropriado. E a consequência natural dessa migração será a formação de alianças pontuais entre o PT e PL.
As negativas de Valdemar da Costa Neto agora são apenas jogo de cena. Assim como é jogo de cena de teatro mambembe as afetações indignadas por parte da ala bolsonarista do partido, pois esta ala tem zero influência nas decisões chave da agremiação. Pois sendo apenas um “puxadinho” dentro do PL, os bolsonaristas não apenas não têm poder algum, como serviram apenas para puxar votos para a agremiação e serão aos poucos descartados um a um.