por paulo eneas
Jair Bolsonaro decidiu esta semana reabilitar o ex-governador paranaense Beto Richa, velho político tucano paranaense preso três vezes por suspeita de corrupção, inclusive em operações da extinta Lava-Jato, e trazê-lo para o PL para disputar a prefeitura de Curitiba (PR) nas eleições municipais deste ano.
O tucano Beto Richa está em vias de migrar para o PL a convite de Jair Bolsonaro para disputar a sucessão municipal da capital paranaense em prejuízo da candidatura natural que seria do ex-deputado conservador e monarquista Paulo Eduardo Martins, que renunciou à presidência municipal do partido em Curitiba logo após o anúncio da chegada de Beto Richa.
Esse não foi o primeiro agrado de Jair Bolsonaro ao tucano paranaense que já foi preso três vezes por suspeita de corrupção. Ainda em novembro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro indicou uma cunhada de Beto Richa para uma vaga de ministra no Tribunal Superior do Trabalho.
O ex-governador paranaense foi preso três vezes nos últimos anos por suspeitas de corrupção. A terceira prisão ocorreu em março de 2019 no âmbito da Operação Quadro Negro, investigação da Polícia Civil do Paraná que apurava desvios de recursos para a construção de escolas públicas paranaenses.
Hegemonia destruidora sobre a direita
Jair Bolsonaro irá apresentar o tucano Beto Richa como o candidato da “direita” para a sucessão municipal curitibana deste ano, em total afronta e insulto ao eleitorado conservador e de direita daquela cidade. Bolsonaro adota essas condutas por que sabe que ainda exerce completa hegemonia destruidora sobre o eleitorado de direita no país.
Esse eleitorado, metade dos eleitores brasileiros, permanece iludido e ludibriado sobre quem realmente é o ex-presidente e o que ele representa. Essa ilusão é alimentada em grande parte pela enorme rede agentes de manipulação e desinformação mantida pelo bolsonarismo na internet.
Essa rede inclui influenciadores, youtubers, personalidades, pretensos “intelectuais conservadores”, escritores e supostos jornalistas e seus respetivos sites de notícias e canais cuja linha editorial é ditada pelo fluxo de caixa proporcionado pelo público idólatra fiel ao bolsonarismo que lhes assegura receita via engajamento.
Essa estrutura de desinformação e de manipulação psicológica de massas faz com que todas as decisões tomadas por Jair Bolsonaro sejam assimiladas sem qualquer contestação mais robusta, ainda que estas decisões venham no sentido destruir ainda mais as chances de existir uma direta política no Brasil.
Quem é o verdadeiro chefe
A decisão de reabilitar o tucano Beto Richa foi de Jair Bolsonaro, assim como têm sido todas as decisões importantes no PL, pois é Bolsonaro quem manda no partido, por ser o dono dos votos. Valdemar da Costa Neto é apenas o operador daquilo que Jair Bolsonaro determina.
Estas decisões têm sido tomadas todas elas no sentido de banir potenciais lideranças de direita do cenário político nacional. Para cumprir esse seu propósito, Jair Bolsonaro não se furta de até mesmo aliar-se a nomes históricos da esquerda nacional, como Aldo Rebelo, e reabilitar políticos que já foram presos por acusação de crimes de corrupção, como o próprio presidente de seu partido, Valdemar da Costa Neto e agora o tucano Beto Richa.
Faz parte deste objetivo de Jair Bolsonaro de destruir e inviabilizar uma autêntica direita política democrática nacional o acordo firmado entre o ex-presidente, o PT, o Centrão e Gilberto Kassab, acordo este orquestrado pelo governador paulista Tarcísio de Freitas, para a sucessão municipal paulistana. O acordo consiste em deixar o caminho livre para uma possível vitória de Guilherme Boulos (PSOL) para prefeitura da capital paulista.
Em outras cidades, PT e PL estarão juntos na sucessão municipal deste ano. E nas cidades onde existe algum resquício de direita ainda alojada no PL, seus candidatos estão sendo barrados em favor de políticos com ligações históricas com a esquerda.
O fato é que Jair Bolsonaro emergiu da obscuridade de político do baixo clero para projetar-se nacionalmente sobre o eleitorado de direita com a missão de destruir a nascente direita brasileira que havia começado a ressurgir há cerca de dez anos. Sua missão vem sendo cumprida a contento. O episódio envolvendo Beto Richa é apenas um capítulo entre outros da mesma estirpe que estão por vir.
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