por paulo eneas
Nesta terça-feira (24/01) completou-se um ano do falecimento do professor Olavo de Carvalho. Seu passamento representou uma perda irreparável para a cultura nacional, pois nenhum outro intelectual brasileiro teve uma influência tão disruptiva em nossa alta cultura nas últimas décadas quanto Olavo de Carvalho.
A partir da publicação de O Imbecil Coletivo em 1996, que foi antecedida pelas publicações de A nova era e a revolução cultural em 1994 e O Jardim das Aflições (1995), a até então confortável e quase inabalável hegemonia esquerdista no meio intelectual brasileiro começou a ser rompida.
Olavo de Carvalho influenciou e formou uma geração de intelectuais autores, escritores, editores, jornalistas e analistas políticos que deram início a um movimento cultural de resgate da alta cultura nacional como nunca se viu antes na história nacional. Olavo trouxe para a intelectualidade brasileira a noção de guerra cultural, e introduziu autores estrangeiros que jamais seriam trazidos ao país pelo meio acadêmico “oficial”.
Olavo de Carvalho é o único filósofo brasileiro nas últimas décadas que, diferentemente dos professores de filosofia das universidades públicas, fez uma contribuição original à filosofia, principalmente em sua obra Aristóteles em Nova Perspectiva (2013) onde o professor apresenta sua teoria dos quatro discursos.
É importante ter em mente que o professor nunca colocou-se como líder, como “ideólogo” e muito menos como “guru” de algum movimento político. Ele sempre deixou claro que seu objetivo era ensinar e formar uma geração de intelectuais para o resgate da alta cultura nacional.
Nesse sentido, não tem cabimento algum referir-se a Olavo de Carvalho como “ideólogo”, uma vez que seu propósito nunca esteve ligado a algum “projeto de sociedade” ou plataforma política a qual estivesse vinculado a serviço, como faz todo ideólogo, para atender aos objetivos de poder de algum movimento político.
Olavo foi um dos primeiros pensadores brasileiros que denunciou o Foro de São Paulo, tido até então como “teoria conspiratória” por toda imprensa mainstream. Descreveu com primor os erros do regime militar no que diz respeito à guerra cultural. Revelou, para surpresa de muitos, a estratégia das tesouras tucano-petista, o que permitiu a milhares de brasileiros entender que os tucanos não eram a “direita” brasileira.
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Desdobramentos políticos de sua influência
A atividade intelectual de Olavo de Carvalho, calcada na filosofia, ciência política, história e literatura, também teve desdobramentos na esfera da atividade política, como não poderia deixar de ser. Esse desdobramento foi antecedido pelo surgimento de um movimento cultural de viés conservador ainda no início deste século empreendido por seus alunos e seguidores.
Esse desdobramento político empreendido, ainda que de modo não organizado, pelo alunos e por muitas pessoas influenciadas por Olavo de Carvalho, teve seu ponto de máximo nas jornadas de manifestações de 2013. Dali para diante pode-se afirmar sem muita chance de erro que teve início um movimento político de direita de base conservadora, lastreado no movimento cultural surgido pela enorme influência de Olavo de Carvalho.
Cabe aqui apontar o erro histórico banal cometido por aqueles que afirmam que “não existia direita antes de Jair Bolsonaro”. Essa afirmação não resiste ao exame dos fatos históricos dos últimos vinte anos no Brasil.
Esta direita que estava em gestação desde o início do século como movimento cultural, foi posteriormente capturada e sequestrada pelo projeto político-eleitoral populista e progressista liderado pelo então deputado federal Jair Bolsonaro que, depois de eleito presidente do país em 2018, jogou fora e descartou esse movimento, após tê-lo desfigurado, como mostramos no breve artigo Imiscíveis Como Água e Óleo: Bolsonarismo de um Lado e Conservadores de Outro.
O debate público do professor Olavo de Carvalho com o escritor russo Alexander Dugin, este sim um ideólogo de um projeto político-ideológico, o eurasianismo, permitiu esmiuçar os três grande projetos de poder globalistas presentes hoje no mundo – os globalistas ocidentais com os revolucionários de esquerda a seu serviço, o imperialismo russo-chinês e as ambições de califado mundial do islã – e constituiu-se em uma das mais ricas lições de geopolítica do período contemporâneo.
Ao longo dos anos Olavo de Carvalho também colecionou detratores. E chamamos de detratores e não de críticos, pois nunca foi feita uma crítica (no sentido técnico acadêmico) ao trabalho intelectual do professor Olavo. Estes detratores que se travestem de críticos estão em sua maioria na esquerda, mas também existem aqueles do campo da direita, principalmente após 2018.
Os detratores são em sua quase totalidade ignorantes que limitaram-se ao longo dos anos a tentar desqualificar Olavo de Carvalho sem nunca terem estudado sua obra. Quando muito, limitam-se a fazer considerações superficiais sobre publicações pontuais do professor nas redes sociais ou alguma afirmação mais enfática feita em algum vídeo.
Estes detratores comportam-se como se a obra de Olavo de Carvalho estivesse em posts de rede social. E ela não está! A obra de Olavo de Carvalho está nos seus mais de quarenta livros publicados, muitos deles traduzidos em vários idiomas, no seus cursos tanto presenciais em universidades quanto nos cursos online, especialmente seu Curso Online de Filosofia, iniciado em 2009.
Uma crítica técnico-acadêmica bem fundamentada ao trabalho intelectual de Olavo de Carvalho seguramente contribuiria muito para o debate cultural inteligente brasileiro. Mas como dissemos, esta crítica ainda não existe, não foi formulada. Tudo que temos são detratores na esquerda e na direita que, orgulhosos da própria ignorância sobre a profundidade da obra do professor, tentam promover o assassinato de sua reputação.
Esta postura de parte da elite falante brasileira, de orgulhar-se da própria ignorância a respeito do que falam, constitui-se em um traço marcante da pobreza da nossa vida intelectual, como o próprio professor Olavo de Carvalho já observava. Neste sentido, seus detratores são o testemunho deste diagnóstico feito pelo próprio professor.
O legado do professor Olavo de Carvalho irá perdurar, nas suas obras escritas e no trabalho de uma geração de intelectuais que ele formou, que hoje lecionam, publicam livros, dirigem instituições de estudos. Neste sentido, pode-se afirmar que o professor cumpriu a missão a que ele mesmo se propôs: iniciar o resgate e a restauração da alta cultura brasileira.
Nesta quarta-feira (25/11) Abraham e Arthur Weintraub realizarão um live especial dedicada ao professor Olavo de Carvalho. Convidamos nossos leitores a assisti-la.
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