por angelica ca e paulo eneas
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, emitiu ao menos 67 alertas de que o Rio Grande do Sul poderia sofrer com alagamentos e inundações em suas regiões urbanas, quase uma semana antes das primeiras mortes pelas fortes chuvas no Estado.
De acordo com documentos obtidos pela Folha de São Paulo, destes 67 alertas, pelo menos 18 foram alertas de nível máximo, inclusive para a capital Porto Alegre. Já no dia 6 de maio, o estado de calamidade pública do Rio Grande do Sul foi reconhecido pelo Governo Federal.
A despeito dos mais de sessenta alertas recentes, há pelo menos um ano o Cemaden já vinha alertando sobre a falta de estrutura no Estado para enfrentar fenômenos desta natureza.
Segundo a apuração, a previsão de que a catástrofe poderia acontecer começou a ser sinalizada após a passagem do ciclone extratropical que atingiu o Estado em junho de 2023, em que 16 pessoas morreram. O fenômeno também afetou a capital.
Três meses depois, um novo ciclone trouxe um quadro ainda mais grave, com 53 óbitos, dessa vez no interior do Estado. Já em novembro do ano passado, novas chuvas atingiram diversas cidades gaúchas, inclusive a capital, causando inundações, mas sem mortes.
O Cemaden publicou no dia 22 de abril deste ano (com dados do dia anterior), um boletim geo-hidrológico alertando pela primeira vez sobre os riscos na região. O documento classificou o perigo na categoria moderada.
O órgão ressaltou que as chuvas fortes poderiam “deflagrar alagamentos em áreas urbanizadas e com drenagem deficiente” no oeste do Estado. Nesta semana, reportagem da Folha de São Paulo mostrou que o governador Eduardo Leite alterou em torno de 480 normas do Código Ambiental do Estado em seu primeiro ano de mandato, em 2019.
Um estudo em climatologia publicado pelo Observatório do Clima em outubro de 2015 também já projetava, entre outros, a elevada probabilidade de eventos pluviométricos extremos no Sul do Brasil nos anos vindouros. O estudo foi engavetado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
No artigo Tragédia das Enchentes no Rio Grande do Sul Não Foi Evento Inesperado que publicamos esta semana, mostramos que os eventos naturais climáticos extremos em nosso país somente se tornam tragédias, do ponto de vista humano, por responsabilidade exclusiva do Estado.
É o Estado brasileiro e seus agentes públicos e seus políticos, não importando a cor ideológica, que simplesmente ignoram as informações e previsões disponibilizadas pela pesquisa científica, e não adotam antecipadamente medidas que possam mitigar as perdas materiais e de vidas humanas.
Leia também:
Tragédia das Enchentes no Rio Grande do Sul Não Foi Evento Inesperado
COLABORE CONOSCO FAZENDO UMA DOAÇÃO NO PIX: 483.145.688-80 |