por marcio labre
Já virou rotina no Brasil um Presidente assumir e logo depois dar lugar ao vice. Já em 1891, Deodoro da Fonseca renuncia e entrega o comando para Floriano Peixoto. Em 1961, Jânio Quadros pula fora e deixa a batata quente para João Goulart. No ano de 1992 é a vez de Itamar Franco, após a derrubada de Fernando Collor de Melo. Em 2016 Michel Temer assume por conta do impeachment de Dilma Rousseff.

Chegamos em 2023 e pelo andar da carruagem, a tradição ou como queiram, “maldição”, assombra novamente o Planalto. O Governo Lula está sem rumo. Não tem unidade interna, não tem base no legislativo que não seja “pagando”, e não acredita em amor eterno com o judiciário, em especial, Alexandre de Moraes.

Aprovou o arcabouço fiscal com cheque pré-datado (leia-se cargos e emendas) que ainda não foram honrados. Aprovou a reforma ministerial (MP 1154) com outro cheque (não compensou nem o primeiro), e Arthur Lira já deu o recado: agora só vota matérias de interesse do governo depois que cumprir acordos anteriores.

Para o arcabouço funcionar, Haddad precisaria aprovar um pacote de medidas para ampliar as receitas em 150 bilhões, mas para isso vai precisar de novo do Congresso. Mas para honrar os acordos, ele conta com esses 150 bi e dificilmente o legislativo pauta se não cumprirem o que foi acordado antes. Olha o problema. Mas e o Lula nesse rolo?

Aparentemente ele perdeu o interesse em articular e terceirizou a missão. Lula está meio que metendo o loko. Na verdade, ninguém sabe o que ele pensa ou planeja. O problema é que o país precisa andar. A economia está paralisada. Os investimentos não acontecem porque aqui no Brasil o mercado vive uma espécie de dependencia emocional do Planalto. Só toma decisões depois que Brasilia sinaliza estabilidade.

Qual o remédio? Bom, a história vem mostrando que bem ou mal, os vices sempre conseguiram dar conta do recado com governos até melhores do que os de seus titulares. Itamar trouxe o plano Real e Temer impediu que o Brasil fosse a bancarrota. Tudo caminha para uma rasteira em Lula. Particularmente acho que ele quer isso mesmo. A vibe dele parece ser arrumar um prêmio Nobel de qualquer coisa e passar o resto da vida nas Maldivas com Janja. Que vá com Deus…

O Brasil precisa voltar a bombear sangue. Ninguém aguenta mais essa paralisia. A sensação de todos, independente de partido ou viés ideológico, é que estamos atolados e não conseguimos sair do lugar há quase seis meses. Todos os dias conflitos intermináveis entre os poderes. A sociedade está exausta de tudo isso.

Daqui a pouco veremos um milagre acontecer: direita e esquerda juntas pelo impeachment e clamando por Geraldo Alckmin, que simboliza neste momento a neutralidade no lugar da polaridade. Na real todos buscam uma espécie de cessar fogo, pois é unânime a percepção de que Geraldo pode fazer o feijão com arroz muito bem, pacificando e estabilizando as coisas, pelo menos até 2026.

Marcio Labre (@marciolabre) é ex-deputado federal (período de 2019 a 2023), jornalista, comunicador, apresentador e empresário.

Disclaimer: os artigos assinados por colaboradores convidados refletem a opinião do autor, e não necessariamente o posicionamento editorial do Inteligência Analítica.


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