por paulo eneas
Qualquer que seja o vencedor dentre os três candidatos a prefeitura paulistana atualmente mais bem colocados nas pesquisas, Pablo Marçal, Ricardo Nunes ou Guilherme Boulos, a capital paulista será efetivamente comandada por um condomínio de interesses políticos formado por petistas, psolistas, bolsonaristas e Centrão.

A disputa que temos assistido nesse período eleitoral constitui-se apenas num rally, financiado com recursos públicos, destinado a uma medição de forças que vai definir o peso e a posição de cada agente no futuro condomínio de poder, e o consequente controle do invejável orçamento público municipal, que governará a cidade nos próximos anos.

Um condomínio que a rigor não irá diferir substancialmente em quase nada do mesmo condomínio político que já governa São Paulo há anos. Basta lembra que o candidato oficial do bolsonarismo é o atual prefeito Ricardo Nunes, que governa a cidade com um condomínio político formado por tucanos, petistas e Centrão, entre outros.

Um condomínio que teve na sempre petista Marta Suplicy uma de suas figuras de proa. Não sem motivo, a petista era uma das principais cotadas para ser candidata a vice-prefeita na chapa de Ricardo Nunes.

A mudança de planos ocorreu a partir da ordem dada por Lula para que Marta Suplicy viesse a integrar a chapa de Guilherme Boulos, e também a partir da ordem dada por Jair Bolsonaro para que Ricardo Nunes incluísse outro nome, imposto por Bolsonaro, como candidato a vice-prefeito.

Essa dança de cadeiras em relação aos candidatos a vice-prefeito refletiu também a mudança meramente perfunctória para fins de imagem junto ao eleitorado, e não alguma diferença substantiva em termos programáticos e de políticas públicas para a cidade de São Paulo.

Uma disputa baseada em performances midiáticas e não em pautas
Um observador atento da disputa sucessória municipal paulistana notará que o principal traço desta campanha não é o confronto entre os candidatos mais bem colocados em torno de propostas de políticas públicas.

A rigor, do ponto de vista de projetos distintos de políticas públicas para a gestão municipal paulistana, não existe disputa alguma entre os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas. O próprio leitor poderá constatar isso fazendo o seguinte exercício mental:

Tente identificar o núcleo das propostas de gestão municipal de cada um destes três candidatos. Tente ainda comparar estas propostas entre si para, a partir desta comparação, justificar a opção de voto que você leitor e eleitor já tenha feito ou pretenda fazer. Verás você leitor que é impossível, por uma razão simples: não existem propostas tangíveis de administração pública pautando o debate sucessório municipal.

O que existe é somente uma disputa de performances midiáticas. Sejam elas performances em debates televisivos ou de disputa de engajamento em redes sociais, além das acusações recíprocas, de natureza criminal, entre estes candidatos:

Há candidato acusado de prática de crimes contra bancos, candidato acusado de ser usuário de entorpecentes, candidato acusado de ligações com organizações criminosas, candidato acusado de envolvimento com esquemas de corrupção.

É este ambiente de acusações recíprocas e de disputa de performance que tem marcado a campanha eleitoral paulistana. Mas o fato é que qualquer que seja o vencedor e a despeito das acusações mútuas, todas as forças políticas associadas a cada um destes candidatos estarão contempladas na futura administração municipal.

Esse cenário desolador ocorre por conta da ausência de uma candidatura genuinamente de direita pautada em propostas efetivas para a cidade.

A ausência de um catalizador programático de políticas públicas que interessem de fato à população, aliada à aceitação passiva por parte do eleitorado e da imprensa deste estado de coisas, reduziram a eleição paulistana a um teatro político onde os atores, ao final da encenação, repartirão entre si a receita dos ingressos pagos pelo eleitor para assistir ao espetáculo.

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