por paulo eneas
Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos irão decidir nesta quarta-feira (20/09) sobre as taxas básicas de juros em seus respectivos países. Por conta da coincidência das reuniões das duas autoridades monetárias ocorrerem no mesmo dia, o mercado financeiro está chamando o dia de hoje de Super Quarta.
Nos Estados Unidos, reunião do Federal Reserve (o equivalente aproximado ao banco central norte-americano) irá decidir nesta quarta a taxa de juros básica da economia norte-americana. A expectativa é de que a taxa não seja alterada e fique no patamar atual, que oscila entre 5.25% e 5.50% ao ano.
Mas tão ou mais importante quanto a decisão a ser tomada sobre a taxa nominal, são as projeções que a autoridade monetária norte-americana irá divulgar após a reunião. Espera-se uma sinalização de aumento na taxa de juros daquele país até o final do ano, o que terá impacto sobre a Bolsa de Valores brasileira e o câmbio.
No Brasil, o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central irá divulgar a nova taxa Selic após às 18h. A expectativa é de uma redução de 0.5% na taxa básica de juros da economia brasileira, que ficaria em 12.75% ao ano.
Redução dos juros até determinado patamar mínimo impactam positivamente a economia. Este patamar situa-se na faixa de 4.5% a 6.0% segundo os economistas. Abaixo desse valor mínimo, o impacto costuma ser negativo, produzindo desvalorização cambial e inflação.
E foi exatamente esse impacto negativo que ocorreu no Brasil no Governo Bolsonaro, quando a taxa de juros ficou abaixo do patamar mínimo entre fevereiro de 2020 e agosto de 2021, tendo alcançado o piso de 2.00% ao ano entre agosto de 2020 e janeiro de 2021. Nesse período, a cotação do dólar disparou, causando inflação principalmente dos alimentos. Fonte: Banco Central do Brasil.
A expectativa da redução gradual da Selic vem sendo refletida no comportamento da Bolsa de Valores brasileira, a B3, anteriormente chamada Bovespa & BMF. O principal índice da B3, o IBOV ou Ibovespa, acumula alta 7.8% desde janeiro deste ano.
Os piores resultados da Bolsa brasileira este ano foram nos meses de fevereiro (queda de 7.49%), março (queda de 2.91%) e agosto, quando o índice registrou queda de 5.00% e treze dias de pregões em queda sucessivas, fato inédito por anos, devido a impactos negativos da economia norte-americana e chinesa.
Bolsonaristas tentaram explorar politicamente estes treze dias de queda fazendo “previsões” catastrofistas que espelham o desejo desta corrente política-idólatra de ver a economia afundar prejudicando a vida de milhões de pessoas.
Obviamente estas pseudo-previsões apocalíticas falharam e a ameaça de “venezuelização” que os bolsonaristas usam como retórica política, por ausência do quê propor ao país e para incutir medo e pânico junto a seus eleitores, continua sendo apenas uma retórica política sem vínculo com a realidade.
Por sua vez, o Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (18/09) traz projeções relativamente positivas para a economia brasileira para ao menos até o final do ano que vem. O boletim corresponde à pesquisa semanal feita pelo Banco Central junto aos dirigentes das principais instituições financeiras do país.
O boletim recuou na projeção de inflação desse ano medida pelo IPCA. A projeção caiu de 4.93% na edição anterior do boletim para 4.86% na edição desta semana. Para o ano de 2024, a projeção de inflação foi reduzida para 3.86% de taxa anual.
A projeção do crescimento da economia medido pelo aumento do PIB avançou para 2.89% para este ano de 2023. Para o ano que vem, a projeção de crescimento é menor: ficou em 1.50% de aumento do PIB para 2024.
Por fim, para a taxa de juros Selic, as projeções feitas pelos dirigentes financeiros ouvidos pelo Banco Central continuam em 11.75% ao ano até o final de 2023. Para o ano de 2024, a projeção exibida pelo Boletim Focus da taxa de juro permaneceu em 9.00% ao ano.