por paulo eneas
O ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres, foi colocado em regime de liberdade provisória na noite deste quinta-feira (11/05). O ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal, concedeu medida de liberdade provisória ao ex-ministro, que estava em regime de prisão preventiva desde o dia 14 de janeiro, por conta de suspeita de omissão e prevaricação nos atos do dia 8 de janeiro em Brasília.

Anderson Torres terá que cumprir uma série de restrições, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais, proibição de ausentar-se do Distrito Federal, afastamento do cargo de delegado da Polícia Federal, suspensão do porte de arma de fogo, obrigação de comparecimento à Justiça e entrega de passaporte, entre outros.

A defesa do ex-ministro argumentou que os requisitos legais para sua prisão preventiva não estariam contemplados no presente caso, e que o prazo de 81 dias estabelecido para a conclusão do inquérito havia se esgotado.

A lorota do briefing bolsonarista
Tão logo a decisão de soltura de Anderson Torres veio a público, a rede bolsonarista de desinformação começou a espalhar um briefing, uma narrativa falsa, para tentar “explicar” o porquê da decisão da justiça de colocar o ex-ministro em liberdade provisória.

Esse briefing afirma que a soltura teria sido resultado da visita a Anderson Torres que 42 senadores haviam solicitado à justiça. O briefing ainda diz que esse número de senadores corresponde ao quorum necessário para impeachment de magistrado no Senador e que, diante deste número, o temor de um possível impeachment teria levado à decisão de soltura de Anderson Torres.

Essa narrativa delirante e mentirosa segue o modus operandi do bolsonarismo, que é o de jogar poeira nos olhos de sua base de seguidores e ocultar-lhes a verdade dos fatos, quando estes não se adequam à narrativa política de interesse dos bolsonaristas.

A realidade dos fatos que os bolsonaristas tentam ocultar
Anderson Torres foi colocado em liberdade provisória na noite do mesmo dia em que a Polícia Federal executou 22 mandatos de busca e apreensão na 11ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os atos do dia 8 de janeiro, como pode ser confirmado nesta nota oficial aqui.

A operação teve por alvo pessoas suspeitas de financiar os eventos do dia 8 de janeiro em Brasília e resultou na apreensão de oito veículos, U$ 140.000 em espécie, outros R$ 48.850 em moeda, cerca de 22 armas e passaportes e celulares, além de uma prisão em flagrante por posse ilegal de arma, segundo informa o site oficial da Polícia Federal.

Quanto à visita de senadores a Anderson Torres, a ajustiça havia autorizado há poucos dias que estas visitas fossem feitas semanalmente em grupo de até cinco senadores, o que iria perfazer cerca de dois meses até que todos os senadores do total de 42 interessados pudessem visitar o ex-ministro.

Portanto, havia a previsão do ponto de vista do Judiciário, de que a prisão de Anderson Torres iria estender-se ao menos até o final de junho ou início de julho, pois somente isto justificaria a organização de cronograma de visitas autorizadas pela justiça.

Logo, dizer que o ex-ministro foi colocado em liberdade provisória por hipotético temor do Judiciário com um improvável impeachment de magistrado no Senado é narrativa delirante destinada somente a alimentar as fantasias políticas presentes na realidade paralela em que o bolsonarismo vive de modo permanente.

Os fatos objetivos que possibilitam conjecturar uma possível relação de causa e efeito é a operação da Polícia Federal mirando 22 alvos bem definidos, a conclusão desta operação ao final do dia e a consequente soltura do ex-ministro na noite do daquele mesmo dia.


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