por paulo eneas
A sabatina do ministro da Justiça, Flavio Dino, no Senado Federal destinada avaliar e aprovar ou não sua indicação para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal está marcada para a próxima quarta-feira (13/12).
Muitos analistas políticos e até mesmo parlamentares da suposta e imaginária oposição de direita, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), estão dando como líquida e certa a aprovação do nome do segundo indicado pelo petista Lula para a suprema corte.
O nome de Flavio Dino ganhou destaque e projeção nacional, e protagonismo no governo petista, por conta da colaboração da bancada bolsonarista, especialmente no decorrer da trágica CPMI do Oito de Janeiro. Não fosse o boost midiático proporcionado pelos bolsonaristas, Flavio Dino seria apenas mais um entre as dezenas de ministros obscuros do governo petista.
Imatura, desqualificada e despreparada para o embate político no mundo real, a bancada bolsonarista escolheu Flavio Dino como alvo de suas investidas destrambelhadas, acreditando que poderia confrontar com lacrações amadoras um político de esquerda com mais de trinta anos de experiência, incluindo mais de dez anos de exercício de magistratura.
Flavio Dino gostou de ter “descido para o play” com os bolsonaristas: venceu todos os embates e reduziu a bancada bolsonarista à sua mediocridade. Um dos momentos mais patéticos foi quando o ministro resolveu ensinar a um youtuber que ficou famoso na internet ensinando depilação retal e que por uma acaso, ou desgraça, do destino virou parlamentar “de direita”, sobre como usar e interpretar corretamente o site Jus Brasil.
A partir daí Flavio Dino ganhou projeção de tal ordem que gerou até mesmo problemas internos no PT. Sua indicação ao supremo foi uma forma de fazê-lo “cair pra cima”, retirando seu nome da lista de players presidenciáveis para 2026 e ao mesmo tempo “equalizando” as ralações do executivo com o judiciário.
A rejeição pelo plenário do Senado Federal ao nome de Flavio Dino para o supremo deveria ser a prioridade da suposta oposição “de direita” nesse momento, ainda que tal rejeição não expressasse necessariamente um juízo fiel sobre as qualificações como jurista do atual ministro da justiça. Pois é fato que sua indicação está revestida de um conteúdo político.
Sua hipotética rejeição representaria o mais duro revés político para o petista Lula nesse seu primeiro ano de mandato, e iria até mesmo eclipsar todas as vitórias políticas expressivas que o petismo conseguiu no Congresso Nacional esse ano, apesar de a esquerda nominal deter se muito trinta cadeiras no Senado Federal.
Para que tal rejeição ocorresse, seria necessário que a suposta oposição de direita agisse de modo adulto, fazendo política como os profissionais fazem: mapeando os possíveis votos contrários entre os senadores, chamando-os para negociar, envolver governadores supostamente de direita nestas negociações.
Mas nada disso está sendo feito. Essa “direita” viciada em métodos amadores de fazer política acredita que fazendo publicações em redes sociais e chamando comícios disfarçados de manifestações que não têm impacto algum, poderá alterar o desfecho que se avizinha: a aprovação do nome do indicado petista.
Diante da possibilidade da aprovação do nome de Flavio Dino (o governo afirma já contar com 53 votos assegurados), estará consolidado o fato de que não existe oposição ao governo petista, exceto nos embates midiáticos pontuais destinados a alimentar as bases tanto da esquerda quanto da suposta direita.
Por outro lado, sua hipotética rejeição, menos por méritos da “oposição” e mais por tensões internas no condomínio de poder chefiado pelo petismo, sinalizará que o ciclo de vitórias políticas conquistadas pelo governo petista ao longo deste ano terá chegado ao fim, e que um novo patamar nas relações entre o governo e o Congresso Nacional terá de ser inaugurado a partir do ano que vem.
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