por paulo eneas
Em trecho de entrevista concedida à Rádio Bandeirantes que circula em vídeo nas redes sociais, o prefeito paulistano Ricardo Nunes afirma ter sido o prefeito que exonerou funcionários não vacinados no período da pandemia e que impôs a exigência do passaporte sanitário na capital paulista. Ricardo Nunes é o nome escolhido por Bolsonaro e por Valdemar da Costa Neto para ser vendido como candidato “da direita” nas próximas eleições municipais paulistanas.


Ricardo Nunes somente pôde adotar tais medidas por estar amparado na Lei 13.979 de iniciativa do antigo governo, votada pela antiga base governista, e sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que posteriormente mentiu para sua base e para a população afirmando que a imposição de tais medidas teria sido iniciativa do Poder Judiciário e que ele, Bolsonaro, estaria de “mãos amarradas”.

A escolha de Ricardo Nunes como candidato do bolsocentrismo para a sucessão eleitoral paulistana reflete interesses comuns de Valdemar da Costa Neto e do ex-presidente Jair Bolsonaro: ao dono do Partido Liberal interessa manter um prefeito que contempla alas de seu partido com alguns cargos.

Por sua vez, para Jair Bolsonaro interessa impedir que algum nome percebido pelo público como sendo “de direita” venha a ganhar projeção política nacional, que é naturalmente conferida ao prefeito paulistano. Pois o bolsonarismo tem como preocupação única continuar exercendo o monopólio sobre o eleitorado de direita.

Esse ardil está sendo brifado para a base bolsonarista como sendo uma diretriz supostamente “pragmática” para impedir a vitória de Guilherme Boulos do PSOL. Membros da rede bolsonarista de agentes de desinformação exibem mapas eleitorais nas redes mostrando a força de Guilherme Boulos, para com isso tentar justificar o apoio de Bolsonaro ao candidato da centro-esquerda emedebista.

É fato que a esquerda possui força em São Paulo, como de resto em todas as grandes cidades do Ocidente. Mas nem por isso, nestas outras cidades, a direita desiste de concorrer e se alia antecipadamente à centro-esquerda. No caso paulistano, a força da esquerda advém em grande parte da ausência de alternativas viáveis no campo da direita.

Esta ausência foi acentuada no período do Governo Bolsonaro quando o ex-presidente teve a ideia estúpida de apoiar Celso Russomano nas eleições municipais de 2020, quando havia possibilidade real de projetar um candidato de direita. Celso Russomano sequer foi para o segundo turno naquele pleito, revelando assim uma intenção velada de Jair Bolsonaro de assegurar a vitória do tucano Bruno Covas, como de fato ocorreu.

Em nosso entender, a intenção velada de Jair Bolsonaro também está presente na sua escolha para as eleições do ano que vem. Sendo Ricardo Nunes um político mais inexpressivo do Celso Russomano e que será incapaz de mobilizar o eleitorado de direita em torno de seu nome, o mais provável é que a intenção real de Jair Bolsonaro, como agente da esquerda que ele é, seja mesmo a de assegurar a vitória de Guilherme Boulos do PSOL.


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