Passados dois meses desde o início do novo governo, o Brasil prossegue sem rumo e sem norte na economia, nas relações internacionais e em todas as áreas importantes da vida pública, enquanto o chefe de governo petista e seus ministros ocupam-se em alimentar uma retórica revanchista, oposta à promessa de campanha petista de promover a pacificação nacional.
por angelica ca e paulo eneas
O governo de esquerda do petista Luiz Inácio Lula da Silva completou sessenta dias dias nesta quarta-feira (01/03). Nesses dois meses, o país assistiu e continua assistindo atônico a um governo marcado pela retórica revanchista em relação ao governo anterior e a ausência absoluta de ações governamentais concretas e propositivas em todas as áreas críticas da vida nacional.
Neste dois meses de governo de esquerda, Lula não foi capaz de adotar qualquer medida de governo que viesse a impactar positivamente a economia. Pelo contrário, o Chefe de Governo dedicou-se a um embate retórico com a autoridade monetária nacional, o Banco Central, em torno da taxa de juros.
Um embate baseado no total desconhecimento por parte do petista Lula sobre como é o processo de formação da taxa básica de juros da economia, conforme mostramos na reportagem Lula Declara Guerra Contra Autoridade Monetária Nacional e Fantasma da Inflação Volta a Rondar a Vida dos Brasileiros.
O governo petista até o momento não tomou qualquer iniciativa de melhoria na área da segurança pública, ao mesmo tempo em que seu ministro da Justiça, Flavio Dino, ocupa-se na maior parte do tempo em alimentar uma retórica revanchista contra o governo anterior em torno do acesso legal a armas.
Na esfera das relações internacionais, o Governo Lula recolocou o Brasil na posição de anão diplomático: o país está em flagrante conflito com os Estados Unidos, mesmo estando um esquerdista-globalista na Casa Branca, como Joe Biden.
O conflito decorre especialmente por conta do apoio brasileiro a Vladimir Putin na Guerra da Ucrânia. Apesar de todas as negativas oficiais, é sabido e havido em todos os fóruns internacionais que o Brasil é aliado da Rússia, desde o início da guerra.
O governo petista também está em conflito permanente com o importante setor do agronegócio. Além da volta das invasões de terras promovida pelo MST, o atrito com o setor rural aumentou com a decisão do BNDES de suspender este ano nove programas de financiamento agrícola, como também mostramos na reportagem Governo Lula & o Agronegócio: BNDES Suspende Nove Linhas de Financiamento e Crédito Para o Setor Rural.
A proposta apresentada pelo ministro da Justiça Flavio chamada de Pacote da Democracia veio no bojo da verve revanchista que vem sendo adotada pelo governo petista. Conforme mostramos na reportagem Pacote da Pretensa Democracia de Flavio Dino Conflita com Ordenamento Já Existente, o pacote de medidas apresentado por Flavio Dino conflita com o ordenamento legal já existente, abre espaço para potenciais conflitos jurídicos relacionados ao regramento da Guarda Nacional, e promove o atropelo do atual Marco Relatório da Internet, além de avançar em áreas que são prerrogativas do Judiciário.
O petista Lula ainda semeou confusão ao falar, em visita a Argentina no início do ano, de uma pretensa moeda comum para o Mercosul, suscitando dúvidas e incertezas na população. Na reportagem Moeda Única do Mercosul: O Real Vai Acabar? Entenda O Que Realmente Está Acontecendo, mostramos do que se trata esta suposta moeda e por que a proposta é ruim e sem efeito positivo algum.
Ainda na economia, a segunda ação concreta governo, depois do corte do financiamento agrícola pelo BNDES, foi a extinção da desoneração tributária federal dos combustíveis, que resultou em aumento da gasolina e do diesel. Esses aumentos seguramente irão impactar na inflação de abril e maio prejudicando, como sempre, os mais pobres.
A diferença entre o palanque e o palácio
Lula elegeu-se com um discurso de pacificação nacional e de recuperação da economia do país. Mas passado dois meses, as únicas ações concretas do governo na área econômica contribuíram para deteriorar o cenário e criar expectativas incertas, e a pretensa pacificação nacional foi substituída pela retórica revanchista.
Recentemente, em carta enviada à Unesco, durante abertura da conferência Internet Pela Verdade, o petista voltou a falar em regulação das redes sociais a pretexto de combater supostas fakes news, quando na verdade o que está em jogo é a liberdade de expressão.
Lula criou ainda uma espécie de Ministério da Verdade, uma procuradoria de “defesa da democracia”, a fim de supostamente combater as “fake news”. Além disso, criou uma Secretaria de Políticas Digitais voltada ao combate de supostas desinformações e ao que a esquerda chama de “discurso de ódio”.
O único efeito destas medidas não será o fortalecimento da democracia, nem o fortalecimento do combate aos reais crimes cibernéticos, mas sim o acirramento do ambiente de beligerância ideológica que domina o país há anos, beligerância esta que impede que os reais problemas nacionais possam ser debatidos.
Além disto, Ministério da Saúde revogou uma portaria que determinava ao médico comunicar à autoridade policial os casos de aborto. Em seu primeiro dia de governo, Lula também revogou uma série de normas que facilitavam o acesso legal a armas e munições.
Lula também não cumpriu promessa de campanha de promover a isenção do imposto de renda para as pessoas com renda de até R$5 mil mensais. Atualmente, a faixa de isenção atinge quem tem renda de até R$ 2.640,00 mensais, que é um valor bem distante do prometido em campanha.
Para adicionar um insulto à ofensa, o petista Lula afirmou esta semana em cerimônia de recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que apesar do Brasil ser grande produtor de alimentos, tem gente passando fome por que “alguém está comendo mais do que deveria para que o outro possa comer pouco”.
Este tipo de afirmação vinda de um chefe de governo explica por que, passados dois meses desde o início do governo petista, o Brasil prossegue sem rumos e sem perspectivas que possam trazer alguma esperança ao povo brasileiro.
