por paulo eneas
A cotação do dólar atingiu R$ 5.67 nesta terça-feira (02/07), aproximando-se assim da última máxima histórica da moeda norte-americana, que foi de R$ 5.85 alcançada em 16/05/2020. Descontados os fatores externos, a alta reflete essencialmente as falas recentes do petista Lula que tem enviado os piores sinais possíveis aos agentes econômicos.
Cumpre observar que a máxima histórica mais recente do dólar (R$ 5.85 em maio de 2020) ocorreu justamente no momento em que a Taxa Selic havia sido reduzida artificialmente para 2.25% ao ano, por determinação do então ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Foi exatamente a mesma medida que o petista Lula vem exigindo do Banco Central desde que assumiu o governo: reduzir a taxa de juros na marretada.
A eventual persistência na alta do câmbio terá impactos expressivos na economia, afetando principalmente os segmentos da população renda mais baixa por conta do reflexo da desvalorização do real brasileiro nos preços dos alimentos, gerando inflação no setor.
O aumento do câmbio está na contramão das expectativas que existiam entre os agentes econômicos nos primeiros meses do início do novo governo. Em 30/12/2022 a cotação do dólar estava em R$ 5.29 e uma semana depois de iniciado o novo governo seguiu um viés de baixa, alcançando R$ 5.23 em 06/01/2023 e R$ 4.74 em 06/06/2023, refletindo assim expectativas positivas dos agentes econômicos.
Exceto por algumas oscilações altistas pontuais, a moeda norte-americana manteve-se abaixo dos cinco reais até o final de 2023 e assim manteve-se até 15/03/2024, quando o dólar rompeu a barreira dos cinco reais e seguiu trajetória altista que persiste até agora.
Um falatório destemperado do líder petista
Esse período de alta consistente do dólar coincide com a mudança de comportamento de Lula, que passou a desprestigiar seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e fazer declarações completamente non-sense a respeito do câmbio, além dos ataques verbais permanentes ao presidente do Banco Central.
Lula chegou ao absurdo afirmar que o Banco Central deveria “investigar” a alta do dólar, ignorando que desde a adoção do Plano Real (o qual os petistas votaram contra em 1994) o Brasil adota regime de câmbio flutuante, sendo este regime um dos tripés da estabilidade monetária.
O outro tripé é o regime de metas de inflação, que nunca fui cumprido integralmente, mesmo após a adoção da independência do Banco Central, instituída pela Lei Complementar nº 179/2021. Idealmente, a lei deveria condicionar a estabilidade da diretoria da autoridade monetária ao cumprimento da meta inflacionária, o que não ocorre hoje.
O terceiro tripé é o regime de câmbio flutuante, que colocou um fim ao flagelo terceiro-mundista dos controles cambiais. Ao sugerir que o Banco Central deveria “investigar” as oscilações cambiais, o petista Lula está dizendo que a instituição deveria agir fora de suas atribuições legais.
Para adicionar desgraça à tragédia, a imprensa oficiosa petista tem culpado o Banco Central por não ter usado as reservas cambiais brasileiras para conter a alta do dólar.
A última vez que uma medida estapafúrdia dessa natureza foi adotada foi no final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o Banco Central presidido por Gustavo Franco torrou bilhões em reservas cambiais brasileiras para conter a alta do dólar decorrente da crise das economias asiáticas no final dos anos noventa.
O efeito da medida foi nulo, não derrubou o dólar, comprometeu a capacidade de pagamentos externos do país em transações internacionais, inclusive de petróleo, gerou inflação e criou o ambiente propício para a vitória petista nas eleições de 2002.
Fatores externos, mas principalmente fatores políticos internos
Como afirmamos anteriormente, o aumento recente do dólar deve-se em parte a fatores externos. A economia norte-americana está aquecida há cerca de dois anos, o que leva a autoridade monetária dos Estados Unidos, o Federal Reserve, a manter a taxa de juros elevada.
Com isso, ocorre um fluxo cambial natural de dólares em direção ao mercado norte-americano. As economias mais afetadas com essa saída de dólares em direção aos Estados Unidos são justamente as economias emergentes.
Mas descontado esse fator externo, o aumento do dólar frente ao real brasileiro se deve exclusivamente ao petista Lula, às suas falas disparatadas e provocadoras e sem nexo, e ao seu empenho em queimar seu ministro da Fazenda.
O aumento do dólar se deve também ao crescimento contínuo da dívida pública por conta de decisão do próprio governo petista, o que gera temor de descalabro fiscal.
Medidas a serem adotadas
Não há, portanto, nada para ser “investigado” como sugeriu o petista Lula. O que existe são medidas a serem adotadas, sendo que a primeira delas cabe exclusivamente ao petista: parar de falar descontroladamente sem medir os efeitos perversos de suas declarações.
Cabe também cessar a sanha tributária do atual governo, estabelecer promover cortes de gastos públicos, fixar metas de disciplina fiscal e sinalizar claramente esta intenção junto aos agentes econômicos.
Cabe também uma ação da oposição política no Congresso Nacional no sentido de exigir do governo tais medidas. Mas isso não vai ocorrer pois, como sabemos, não existe oposição política no Brasil: os petistas governam sozinhos e sabem que podem contar com a direita alojada no Centrão para aprovar suas medidas, como tem sido desde o início do governo petista.
Numa indicação aparente de que possível recuo em sua guerra verbal contra os agentes econômicos, o petista Lula afirmou nesta quarta-feira (03/07) que não irá mais falar de dólar, “mas só de arroz e feijão”, mostrando assim o modo jocoso e irresponsável com que o petista trata dos assuntos que impactam a economia nacional.
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