paulo eneas
Faz anos que os verdadeiros grandes problemas nacionais não fazem parte do debate político institucional que pauta a imprensa e formadores de opinião. Talvez nosso maior problema nacional tenha a ver com o principal patrimônio de uma nação, que é inteligência média de seu povo. Esse problema é apontado por estudos que colocam o QI (quociente de inteligência) médio do brasileiro em uma pontuação igual ou menos que 83.
Ainda que possa existir questionamentos quanto a efetividade dos testes de QI, é fato inconteste que existe no mínimo uma correlação entre o QI de um indivíduo e suas habilidades cognitivas que incluem, entre outras, o domínio pleno do idioma nacional e sua capacidade de perceber e compreender relações de causa e efeito.
Também não se pode fechar os olhos para a “coincidência” de nossa população possuir em média, segundo determinados estudos, um QI < 83 e ao mesmo tempo verificar-se o desempenho medíocre de estudantes brasileiros em exames internacionais como o PISA, onde o Brasil encontra-se entre os 15 piores países entre os 81 avaliados a cada três anos.
Também não se pode ignorar que a qualidade pífia de nosso sistema educacional, refletida em exames como o Pisa e também na baixa produtividade média de mão de obra, contrastam com os gastos públicos brasileiros com educação em relação ao PIB, uma vez que estes gastos/PIB estão no mesmo patamar dos gastos equivalentes dos principais países desenvolvidos, especialmente os da OCDE.
Esta deveria ser a pauta prioritária de qualquer discussão pública séria sobre o futuro do país. Pergunto: quando foi que você, estimado leitor, viu pela última vez algum político de esquerda ou de direita tratando deste tema com propriedade e de modo propositivo? Se viu, dificilmente irá lembrar-se de quando e quem foi.
Os políticos no máximo tangenciam o assunto quando existe conveniência narrativa. Do lado da esquerda, tem-se a repetição já manjada da demanda por “mais verbas para educação”, como se nosso principal problema educacional fosse verbas, o que definitivamente não é o caso.
Do lado da direita não se fala de verbas, assim como não se fala de coisa alguma de natureza propositiva: o discurso da nossa pseudodireita sobre educação limita-se à denúncia com carranca ideológica sobre a ideologização (que existe de fato) promovida pela esquerda em vários segmentos educacionais.
Portanto, não existe hoje no Brasil qualquer agente político, no sentido de uma força política organizada, capaz de trazer para a arena do debate público aquele que a meu ver é o principal problema nacional de médio e longo prazo, cuja solução é pré-condição para que possamos talvez algum dia nos constituirmos numa nação rica e próspera.
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