Além das informações objetivas sobre medidas que estão sendo antecipadas pela OTAN em favor da Ucrânia ante o risco de vitória de Donald Trump, trazemos aqui um ensaio tratando como e porquê a direita ocidental tornou-se a linha auxiliar e a quinta coluna do do projeto de poder autoritário representado pelo herdeiro e continuador do antiga ditadura soviética.
por paulo eneas
Os países europeus membros da OTAN estão preparando uma série de medidas antecipadas destinadas a manter e fortalecer o apoio da aliança militar ocidental à Ucrânia ante o risco de uma possível vitória de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A informação foi divulgada esta semana pelo Wall Street Journal, citando fontes do governo americano e da própria OTAN.
As medidas anunciadas confirmam a análise que temos feito no Inteligência Analítica sobre o significado geopolítico de uma possível vitória de Donald Trump nas eleições americanas desse ano:
Uma vitória de Trump esse ano significará o fortalecimento das ambições expansionistas do ditador russo Vladimir Putin, de quem Donald Trump é aliado, e a possível imposição de uma derrota à Ucrânia e a perda de sua soberania, não por “mérito” militar russo, mas pelo poderio avassalador dos Estados Unidos.
Mais do que perda de sua soberania, a Ucrânia correrá o risco de deixar de existir como país e o povo ucraniano ficará sob risco iminente de um genocídio e limpeza étnica a serem perpetrados pelos russos com o aval da Casa Branca chefiada por Donald Trump e demais governos e lideranças políticas de direita da Europa, como Marine Le Pen e Viktor Orban. Após isso, o próximo alvo da ditadura moscovita será os países bálticos.
Tratamos em profundidade sobre este tema no artigo A Direita Bolchevique: Premier Húngaro Viktor Orban Acusa a Europa de Ameaçar a Rússia publicado esta semana. Observe-se que nenhum outro veículo considerado de direita no Brasil trata essa questão sob esse ângulo, pois todos eles são panfletos de propaganda trumpista no Brasil.
O Plano da OTAN de Segurança da Ucrânia
Entre as medidas antecipadas pela OTAN para assegurar o apoio à Ucrânia e frear o expansionismo russo estão o estabelecimento de um novo comando da aliança militar na cidade de Wiesbaden, Alemanha, para coordenar o fornecimento de equipamento militar e armas para Kiev, bem como reforço no treinamento das Forças Armadas da Ucrânia.
A operação, que será chamada de NATO Security Assistance and Training for Ukraine, envolverá cerca de 700 militares dos Estados Unidos e de outros países dentre os 32 estados-membros da OTAN. A aliança militar ocidental irá assumir em grande parte a missão que os militares dos Estados Unidos atualmente vêm realizando desde a invasão do território ucraniano pela Rússia e por milicianos privados contratados por Moscou em fevereiro de 2022.
Segundo fontes do Wall Street Journal, as novas medidas estavam sendo planejadas há vários meses, mas foram aceleradas em função do risco crescente de uma vitória de Donald Trump, risco esse que foi potencializado pelo péssimo desempenho Joe Biden no primeiro debate eleitoral norte-americano, e pelas evidências cada vez maiores da intenção de Donald Trump de cessar a ajuda norte-americana à Ucrânia.
Ivo Daalder, ex-embaixador dos Estados Unidos na OTAN, afirmou que a aliança irá agora encarregar-se da ajuda à Ucrânia mesmo que os Estados Unidos reduzam ou suspendam seu apoio àquele país invadido pelos russos.
A OTAN realizará uma reunião de cúpula em Washington entre os 09 e 11 de julho deste ano e a Guerra da Ucrânia estará entre os principais temas em pauta. A reunião de cúpula irá marcar os 75 anos de existência da aliança militar, que foi criada justamente para proteger os países-membros das ameaças constantes de Moscou, ameaças estas que em período recente materializaram-se na invasão russa da Ucrânia e na reafirmação das ambições expansionistas em direção ao ocidente europeu por parte do regime de ditadura de Vladimir Putin.
A Hostilidade Aberta de Donald Trump Contra a OTAN
Já desde o seu primeiro mandato, Donald Trump nunca escondeu sua hostilidade em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte. Uma hostilidade que sempre era camuflada por meio de argumentos em torno dos gastos norte-americanos com a aliança e que foi potencializada pelos conflitos permanentes do Governo de Donald Trump com a Alemanha por conta da importação de gás da Rússia.
O leitor deve lembrar-se que tão logo a Rússia ameaçou cortar as exportações de gás natural para a Europa em represália às sanções que lhe foram impostas pelo Ocidente após a invasão russa da Ucrânia, a direita ocidental, toda ela sentada no colo de Vladimir Putin, celebrou o fato “anunciando” que os europeus iriam todos morrer congelados no inverno seguinte.
Para frustração da direita bolchevique putinista, nenhum europeu morreu congelado por falta de gás russo, não houve redução expressiva no volume de fornecimento (afinal, os russos precisam dos dólares e euros das exportações de sua principal commodity) e as reduções localizadas foram supridas pelo reativação das usinas termelétricas, fazendo a esquerda ambientalista europeia calar a boca ante o choque de realidade.
Tucker Carlson Mimetiza Donald Trump e Engana Toda a Direita
O argumento que era usado por Donald Trump quando na presidência dos Estados Unidos para hostilizar a OTAN passou a ser replicado incessantemente por Trucker Carlson na Fox News após a invasão russa da Ucrânia.
Tucker Carlson, a cadelinha de Putin preferida e mais estimada pela direita ocidental, passou a atacar diariamente a ajuda dada à Ucrânia pela Casa Branca de Joe Biden sob o argumento de que seria uma gasto injustificado de dinheiro do pagador de impostos norte-americano. Um argumento que caía bem ao gosto do imaginário do americano médio, mas que obviamente estava longe de ser verdadeiro.
Óbvio que Tucker Carlson nunca esteve preocupado com os gastos públicos norte-americanos. Sua intenção era forçar a opinião pública a pressionar a Casa Branca para cessar ajuda à Ucrânia e assim facilitar a vitória de Vladimir Putin na sua guerra de agressão e anexação do território ucraniano.
O papel desinformante desempenhado por Tucker Carlson, que atua como agente russo junto ao público de direita norte-americano e também brasileiro, foi exposto por nós do Inteligência Analítica no artigo Comunismo Para Conservadores: Tucker Carlson e a Eficácia da Máquina de Propaganda e de Desinformação Russa, publicado logo após a divulgação da peça de propaganda russa gravada por Tucker Carlson e Vladimir Putin, disfarçada sob a forma de entrevista no início desse ano.
Plano de Paz de Donald Trump É Cópia dos Termos de Rendição da Ucrânia Exigidos Pela Rússia
Para as eleições norte-americanas desse ano, Donald Trump já sinalizou sua intenção de cessar a ajuda à Ucrânia caso vença, conforme revelado pelo outro líder da direita bolchevique putinista europeia, o premir húngaro Viktor Orban que, ao lado da francesa Marine Le Pen e demais partidos de direita da Europa, apoiam amplamente as intenções bélicas e expansionistas de Moscou.
Também tratamos em detalhe das relações entre a direita europeia e o ditador russo Vladimir Putin no artigo A Direita Bolchevique: Premier Húngaro Viktor Orban Acusa a Europa de Ameaçar a Rússia publicado esta semana.
Donald Trump também já anunciou seu pretenso Plano de Paz caso vença a eleição. Este plano nada mais será que a versão chancelada pelo possível futuro chefe da Casa Branca dos termos de rendição da Ucrânia impostos por Vladimir Putin.
Os termos de rendição incluem, entre outros, entrega de vastas porções do território ucraniano à Rússia e a exigência de que os ucranianos abdiquem de sua soberania no que diz respeito a alinhamentos com blocos econômicos e geopolíticos internacionais. Leia-se: a Ucrânia ficaria proibida de ingressar na União Europeia e menos ainda na OTAN.
Vladimir Putin: o Novo Adolf Hitler do Século Vinte Um
O fato é que do ponto de vista geopolítico o mundo caminha para um precipício conduzido pelo novo Adolf Hitler do século 21, Vladimir Putin. Esse novo Adolf Hitler conta com o apoio de todas as ditaduras do mundo, sejam elas comunistas como Venezuela e Cuba e Coreia do Norte, sejam elas ditaduras teocráticas islâmicas, como a do Irã.
O Novo Hitler Moscovita também tem apoio de todas as principais organizações terroristas do mundo, desde organizações internacionais de narcotráfico bem como as organizações terroristas do Oriente Médio que aspiram destruir o Estado de Israel e que também promovem ataques terroristas na Europa, como também os grupos terroristas dos confins do sudeste dos Montes Urais, nas antigas repúblicas soviéticas. Convidamos o leitor a adivinhar onde o Wagner Group nasceu.
Mas ombreando com o Novo Hitler estão também as principais forças políticas de direita da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil. É a mesma direita que diz combater a esquerda comunista representada por regimes como de Nicarágua e Venezuela e Coreia do Norte, regimes esse que respaldam e são respaldados pelo Hitler de Moscou, que esta mesma direita enxerga esquizofrenicamente como o “salvador” do Ocidente.
Para adicionar insânia à esquizofrenia, o Hitler de Moscou poderá ter também um poderoso aliado na Casa Branca, caso Donald Trump vença as eleições norte-americanas este ano.
Uma Direita a Serviço do Herdeiro da Ditadura Soviética
Como a direita ocidental chegou nesse estágio de degeneração a ponto de servir de quinta coluna do herdeiro e continuador do antigo regime de ditadura soviética? A resposta não é tão simples e direta, mas uma pista óbvia responde pelo nome de guerra híbrida e desinformação, especialidades de Moscou.
Pois enquanto a direita ocidental foi sendo paulatinamente moldada nas últimas décadas em cima de noções puramente ideológicas, vagas e imprecisas como “globalismo” e “decadência do ocidente” e ameaças de um suposto “governo mundial”, a isca perfeita da agenda identitária foi sendo lançada para essa direita morder e dela se entreter, esquecendo-se das questões de relações de poder no mundo real.
Assim, o direitista ocidental padrão, o autodenominado redpillado, o Cavaleiro Templário de iPhone, passou a preocupar-se unicamente com aspectos comportamentais e simbólicos da vida dos indivíduos, fazendo disso sua pauta político-ideológica prioritária, enquanto assimilava a ideia de que estes traços comportamentais seriam a expressão do fracasso, declínio e fim iminente da civilização ocidental.
E diante desse suposto fim iminente e fracasso do ocidente como projeto civilizacional, fracasso esse cujos culpados são os liberais criadores do “globalismo” (que é a versão geopolítica do terraplanismo) e a ideia de democracia (e aqui abre-se espaço para a entrada dos antissemitas atribuindo parte da culpa aos judeus), essa direita que foi alvo de uma guerra híbrida por décadas foi convencida a abraçar o mais violento projeto autoritário que já existiu na história, representado pela tradição política russa e assim tornou-se uma direita bolchevique a serviço dos interesses de Moscou. Colaboração Angelica Ca.
Leia também:
• A Direita Bolchevique: Premier Húngaro Viktor Orban Acusa a Europa de Ameaçar a Rússia
COLABORE CONOSCO FAZENDO UMA DOAÇÃO NO PIX: 483.145.688-80 |