por paulo eneas
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesse domingo (21/07) sua decisão de não concorrer à reeleição no pleito presidencial norte-americano desse ano. A anúncio foi feito em uma carta publicada em sua rede social. Logo em seguida, Joe Biden anunciou seu apoio à indicação de sua vice-presidente, Kamala Harris, como candidata do Partido Democrata.

Joe Biden não escolheu livremente desistir do pleito. Ele foi forçado a abdicar por conta de pressões internas no Partido Democrata, em especial aquelas vindas de Barack Obama. As pressões se intensificaram a partir de seu fraco desempenho no primeiro debate presidencial com Donald Trump há algumas semanas.

A narrativa comum adotada por toda a imprensa e analistas é que o debate teria revelado um candidato sem condições pessoais de disputar a eleição, por conta de sua senilidade. A suposta “descoberta” da falta de condições pessoais de Joe Biden para enfrentar uma disputa eleitoral teria ensejado pressões internas no Partido Democrata que forçaram então Joe Biden a desistir.

É evidente que esta narrativa quase consensual não explica o que de fato está se passando no pleito presidencial norte-americano deste ano. Pois é ingenuidade acreditar que somente agora os Democratas teriam se dado conta das óbvias debilidades pessoais de Joe Biden, debilidades estas que já eram flagrantes desde a campanha de 2020 e se evidenciaram e se acentuaram ao longo dos três anos e meio de seu mandato.

Se o fator debilidade pessoal e senilidade de Joe Biden fosse de fato um elemento decisivo para os Democratas, eles teriam preparado um nome ao longo de, pelo menos, os últimos doze meses para a disputa presidencial. Mas não foi isso que ocorreu. A debilidade de Biden está sendo vendida tanto por Democratas quanto pelos Republicanos como um fator surpresa, o que definitivamente não é o caso.

Possíveis Desdobramentos na Sucessão Presidencial
O principal beneficiário da desistência forçada de Joe Biden é obviamente Donald Trump, que possivelmente não desejaria concorrer novamente com o candidato que o derrotou há quatro anos. A desistência também passa a mensagem de que os próprios Democratas estariam dando razão a Trump, que se refere a Joe Biden como um decrépito.

A desistência também deixará a Casa Branca acéfala pelos próximos seis meses, uma vez que será muito fácil argumentar que, se Joe Biden não reúne condições para disputar uma eleição, menos ainda teria condições de chefiar o país até o fim desse ano.

Por conta disso, as pressões na opinião pública para a renúncia de Joe Biden irão aumentar, debilitando ainda mais a campanha dos Democratas, qualquer que seja o candidato que escolham para substituir o incumbente. Afinal, como defender o legado de uma administração cujo titular está sendo pressionando a renunciar?

A soma desses fatores irá beneficiar e muito a campanha de Donald Trump, cujo staff de mídia e de redes sociais foi fundamental para criar o ambiente hostil na opinião pública que levou os Democratas a forçarem a saída de Joe Biden.

A impressão que se passa é de uma completa ausência de analistas e estrategistas minimamente competentes do lado do Partido Democrata que, no caso de uma hipotética vitória de Donald Trump, será o principal responsável pela ascensão à Casa Branca de um presidente norte-americano alinhado com Moscou.

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