O ex-ministro Gustavo Bebianno teria alertado Jair Bolsonaro no começo do governo do risco de impeachment caso a ideia de Carlos Bolsonaro de criar um serviço de inteligência paralelo fosse levada a diante.
por paulo eneas
Menos de vinte quatro horas após uma live destinada a vender cursos ter rendido uma audiência invejável que deixou os bolsonaristas em êxtase, a Polícia Federal empreendeu na manhã desta segunda-feira (29/01) uma operação de busca e apreensão nos endereços do vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
A operação faz parte da investigação que apura suspeitas de uso político da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o Governo Bolsonaro. Ainda segundo a Polícia Federal, Carlos Bolsonaro teria sido supostamente beneficiado por uma atuação da Abin considerada clandestina.
Referida informalmente como Abin Paralela, a atuação supostamente clandestina do órgão, sob o comando de Alexandre Ramagem, então diretor da agência no Governo Bolsonaro, teria sido empreendida, segundo a Polícia Federal, por meio do monitoramento ilegal de cerca de 1.500 pessoas, usando critérios políticos para definir estes alvos.
Ainda segundo nota da Polícia Federal, as pessoas investigadas por esses supostos ilícios poderão responder “pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei”.
A operação de busca e apreensão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido do Procurador Geral da República, Paulo Gonet. Informações não confirmadas dariam conta que o vereador Carlos Bolsonaro não se encontrava em sua residência quando da chegada do agentes federais e supostamente estaria pescando com Jair Bolsonaro.
Gustavo Bebianno havia alertado no começo do Governo Bolsonaro
Em entrevista dada o programa Roda Viva em 02/03/2020 o ex-ministro do Governo Bolsonaro, Gustavo Bebianno, que faleceu meses depois, denunciou que o vereador Carlos Bolsonaro teria supostamente planejado montar uma Abin Paralela.
Ainda segundo Bebianno nessa entrevista, que poder ser checada neste link aqui, o plano teria sido colocado em prática no primeiros meses do Governo Bolsonaro com a indicação feita por Carlos Bolsonaro de um delegado para ocupar uma posição na agência.
Gustavo Bebianno e o general Alberto Santos Cruz, então ministro de Bolsonaro que foi exonerado meses depois, teriam alertado o presidente que tal ação poderia motivar o impeachment do chefe de governo. Ou seja, tratava-se de um crime de responsabilidade.
É emblemático que a operação da Polícia Federal tenha ocorrido poucas horas após a live destinada a venda de curso promovido por Jair Bolsonaro e seus filhos, e que levou novamente os bolsonaristas a extasiarem-se com o público expressivo alcançado.
Resta saber se aprenderão o fato básico da político com esse evento, qual seja, que política não tem nada a ver com popularidade em rede social nem com sucesso em motociatas. Resta-lhes entender que política tem a ver com poder, tem a ver com a capacidade de usar a caneta para saber mandar e exercer a autoridade, e não para ficas posando com ela para fotos ridículas como Jair Bolsonaro fez em todo seu mandato.
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