por paulo eneas
Nas últimas décadas a imprensa ocidental passou a desempenhar a função de distrair o público com noticiário político diário enquanto os verdadeiros e mais prementes problemas nacionais são ignorados.

No Brasil, esta função de distração do público com noticiário político é ainda mais acentuado quando o ambiente político é tensionado pela cismogênese criada pelo teatro das tesouras do bolsonarismo x petismo que domina o pseudo-debate político nacional há alguns anos.

Cumpre observar que esta função de distração é desempenhada tanto pela mídia mainstream, incluindo redes de televisão, jornais e revistas, quanto pela chamada mídia de direita. Nesse aspecto, o que se afirma aqui constitui-se também em algum grau numa autocrítica de nossa parte.

E cabe também fazer a ressalva de que aquilo que chamamos mídia de direita no Brasil, com uma ou outra exceção, deixou de existir para todos os efeitos práticos, e foi substituída nos anos recentes por um arremedo de mídia chapa-branca do bolsonarismo.

Observe-se que todo dia temos algum evento bombástico no mundo político que captura nossa atenção: votação do PL2630, Polícia Federal na residência de Jair Bolsonaro, alguma declaração destrambelhada do petista Lula, o choro de Bolsonaro no Pânico da Jovem Pan, CPMI deste ou daquele tema, etc.

Há nisso tudo um método: sempre surge algum affair político diário para capturar a atenção da mídia e do público, enquanto as questões estruturais que envolvem os verdadeiros problemas do país ficam de lado e ninguém dá atenção a elas.

Talvez o maior problema estrutural brasileiro hoje, ao lado do espantoso número anual de homicídios, é o fato de o país ocupar a 64ª posição no ranking dos países por QI (quociente de inteligência) médio nacional: o QI médio do brasileiro é igual a 83. Estamos atrás de Paraguai, Cuba, Argentina, México, Costa Rica, Chile, Uruguai e Bermudas, tomando como referência apenas os países latino-americanos.

O Brasil perde também para Portugal, cujo QI médio da população é 93, ocupando a 39ª posição no ranking que consultamos da World Data. Mas segundo o humor de vira-lata do brasileiro, os portugueses é que são burros.

Os cinco primeiros países do ranking, cujas populações possuem QI médio acima de 100, são todos orientais, incluindo Singapura, que há duas ou três décadas era uma apenas uma ilhota miserável, um prostíbulo portuário a céu aberto ao sul da Malásia, muito mais pobre que o Brasil, e que hoje é um dos países mais ricos e prósperos do mundo pelo critério PIB per capta.

Em termos de QI médio nacional, perdemos de longe para Macau, Estônia, Camboja, Croácia, Mongólia e Brunei, países que a maioria dos brasileiros detentores de “diploma” universitário não conseguiria apontar no mapa onde eles ficam.

Nós não apenas temos um povo com QI médio baixo, próximo da faixa que caracteriza déficit cognitivo. O fato mais grave é que essa média vem caindo em anos recentes. Os resultados medíocres obtidos por estudantes brasileiros em exames internacionais comprovam tal fato.

Este deveria ser o grande tema prioritário do debate público nacional. Mas isso não ocorre, pois este debate público nacional permanece capturado por uma ciranda maldita em que todos acabam enredados.

Uma ciranda que funciona como poeira nos olhos, nos desviando dos problemas reais do País sobre os quais as inteligências nacionais, principalmente do campo da direita, deveriam estar debruçadas, mas não o fazem por que estão entretidas com o mídia affair político diário.


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