por paulo eneas
Demissão de ministro do GSI, política externa de confronto com o Ocidente afetando vários interesses nacionais, defesa de pauta identitária e ao mesmo tempo alinhamento com ditaduras da Rússia e da China, risco de arcabouço fiscal não ser aprovado no Congresso Nacional, recuo na taxação de importações de e-commerce por conta da pressão da China.
Soma-se a isto as ambiguidades nas relações com o MST, o embate permanente com a autoridade monetária nacional mostrando a disposição de comprar uma briga que seguramente irá perder, fissuras na relação com a grande imprensa, incapacidade de articulação política no Congresso Nacional.
Este início de governo Lula mostra claramente que não existe unidade política nem programática entre os agentes do novo esquema de poder que tomou conta do Brasil. Esta ausência de unidade fica evidenciada pelos eventos acima e muitos outros, e joga por terra as leituras “apocalípticas” que parte da direita vem fazendo de que um novo sistema de poder já teria se consolidado no Brasil.
Este pretenso sistema não só não está consolidado como mostrou até agora não ter nem mesmo um projeto que unifique seus diversos agentes. O único elemento que este sistema capenga (ao menos até agora) de poder liderado pelos petistas tem em seu favor é a ausência de uma oposição política.
Pois o bolsonarismo tomou o lugar daquilo que seria uma efetiva oposição de direita e passou a funcionar na prática como um buffer de proteção e linha auxiliar desse ainda indefinido projeto de poder da esquerda. Voltaremos a esse tema com mais aprofundamento nos próximos dias.