por angelica ca e paulo eneas
O número de mortes em função dos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83 segundo boletim divulgado nesta segunda-feira (06/05) pela Defesa Civil do Estado, que informou também que 112 pessoas seguem desaparecidas além de outras 276 pessoas feridas.

Os números da tragédia que devasta o estado gaúcho são avassaladores e dão uma dimensão desta que é uma das maiores tragédias da história nacional. Cerca de 350 dos quase 500 municípios gaúchos foram afetados pelas chuvas. O número total de pessoas prejudicadas em algum grau chegou a 850.400 brasileiros.

Além dos mortos e feridos, as enchentes provocaram o deslocamento de 121.960 pessoas em todo o Estado, que estão em abrigos, alojamentos e casas de parentes e amigos. De acordo com atualização da Agência Nacional de Águas, o Rio Guaíba chegou a atingir neste final de semana a marca de 5m33cm.

O episódio é considerado um dos maiores desastres naturais da história do Estado e supera a última tragédia ambiental do Rio Grande do Sul, ocorrida em setembro de 2023, e que vitimou 54 pessoas.

Os temporais, seguidos de enchentes, deixaram imóveis, estradas e redes de energia elétrica destruídos. Uma das regiões mais atingidas foi a cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo a prefeitura, cerca de metade da cidade foi inundada e mais de 10 mil pessoas estão desabrigados.

A previsão é de melhora nas chuvas no início desta semana. No entanto, o Comando Militar do Sul comunicou que deve haver queda de temperatura no Estado a partir da próxima quarta-feira (08/05).

A queda na temperatura poderá provocar um aumento nos casos de hipotermia em pessoas que estão isoladas pelas chuvas e que aguardam resgate, além de dificultar as condições de resgate e evacuação. Em algumas áreas do Estado a temperatura poderá baixar para até 10°C.

A falência do estado brasileiro e o cinismo dos políticos
A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul expõe a falência operacional e moral do Estado brasileiro, que mostra-se incapaz e despreparado para fazer o gerenciamento adequado de uma catástrofe natural para salvar as vidas das pessoas. Inúmeros relatos nas redes sociais mostram pessoas ainda isoladas, muitas vezes sobre telhados, aguardando resgate.

Como não poderia deixar de ser, a tragédia ensejou o oportunismo e o cinismo dos políticos brasileiros, tanto de esquerda quanto de “direita”. O petista Lula fez um primeira visita rápida ao Estado, fez afirmações inapropriadas para o momento, e foi alvo de críticas. Por sua vez, publicações criminosas nas redes sociais associam a tragédia à opção de voto dos gaúchos, procurando assim “politizar as enchentes”.

Em meio à tragédia, políticos e personalidades de esquerda e também bolsonaristas confraternizaram em show brega de cantora pop star decadente no Rio de Janeiro, show este bancado com recursos públicos daquele Estado. No caso dos políticos bolsonaristas, a imprensa chapa-branca “de direita” e a militância de base nas redes procuraram minimizar o fato, poupando estes políticos de qualquer cobrança.

Conteúdos que circulam na internet denunciam uma suposta ineficiência dos militares destacados para ações de apoio e socorro às vítimas das enchentes, além da suposta criação de dificuldades para a atuação de voluntários civis em apoio aos necessitados. No entanto, não foi possível verificar a autenticidade e procedência dessas denúncias.

Muitos desses conteúdos de “denúncias” contra os militares parece vir de perfis bolsonaristas por motivações políticas, uma vez que o bolsonarismo decidiu que os militares são os inimigos políticos a serem combatidos por não terem promovido a intervenção no processo político-eleitoral de 2022 como os bolsonaristas desejavam.

A despeito do oportunismo e cinismo dos políticos e suas hordas de bajuladores em meio à tragédia, o segmento minoritário mentalmente sadio da sociedade brasileira vem procurando mobilizar-se para proporcionar ajuda aos necessitados.

Inúmeras iniciativas voluntárias civis têm surgido nas redes sociais para oferecer ajuda em forma de doações materiais e serviços profissionais voluntários, principalmente de médicos, às vítimas das enchentes. Listaremos algumas dessas iniciativas civis voluntárias em matéria em separado do nosso site.

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