O livro é possivelmente a primeira obra publicada expondo a verdadeira face do bolsonarismo, sem render-se às narrativas delirantes criadas pelos bolsonaristas em torno da figura do “mito” e sem ceder às narrativas puramente retóricas para fins de guerra política que são usadas pela esquerda.


por paulo eneas
Um livro lançando em julho deste ano pela Fonte Editorial traz pela primeira vez ao público uma abordagem inédita da natureza do bolsonarismo e do papel desempenhado por Jair Bolsonaro na história política recente do Brasil.

De autoria de um profissional da área de inteligência, que se apresenta sob o pseudônimo de Edgar Platov, o livro desmonta a falsa ideia criada e alimentada durante os anos recentes de que o bolsonarismo teria nascido como um movimento político espontâneo de direita.

O autor sustenta a tese, abraçada por outros pesquisadores de ciências políticas, de que o bolsonarismo surgiu no contexto de uma guerra híbrida: conflitos planejados e plantados no seio da sociedade por meio de técnicas de manipulação psicológica de massas e  desinformação, manipulação e distorção de fatos e informações, que induzem certos comportamentos individuais e coletivos pautados sempre em premissas ideológicas construídas para esse fim.

O autor enfatiza o papel desempenhado pela eficiente rede bolsonarista de desinformação na blindagem do ex-presidente e na disseminação de todas as narrativas falsas convenientes à construção da imagem do “Mito” não como liderança política, mas como um ídolo a ser adorado.

O autor mostra também o papel desempenhado, segundo seu entendimento, por uma ala de inteligência do Exército Brasileiro na criação do personagem Bolsonaro, por meio justamente das técnicas de guerra híbrida e manipulação psicológica que resultaram na formação de uma uma falsa liderança política que foi hábil o bastante para capturar a nascente ex-direita brasileira.

Edgar Platov é enfático em afirmar que como profissional da área de inteligência identifica no bolsonarismo todas as característica do positivismo, predominante na ala de inteligência do Exército Brasileiro. Nesse sentido, ele afirma que Jair Bolsonaro foi um “alvo buscado” pela inteligência militar para a execução de uma missão.

Outro ponto que o autor acentua é a manipulação religiosa promovida pelo bolsonarismo. Uma manipulação e instrumentalização tão abertas e explícitas que resultaram na transformação de eventos religiosos de massa, como a Marcha para Jesus, em palco político, a realização de “motociatas” em plena Sexta-Feira Santa, “dia em que nem os pássaros cantavam”, e por fim as associações diretas ou indiretas da pessoa de Bolsonaro a Jesus Cristo, por meio de expressões como “ele tomou uma facada por nós”.

O autor enfatiza também que Jair Bolsonaro jamais preocupou-se realmente com qualquer questão relacionada à direita, o que pode ser atestado pelas ações concretas de seu governo, que resultaram no avanço de várias pautas esquerdistas, em especial a agenda identitária, e o desmantelamento dos mecanismos de combate à corrupção, ao mesmo tempo que o ex-presidente mantinha sua base adestrada sob rédea curta por meio de bravatas no cercadinho e em redes sociais.

Aos falar dos erros estratégicos, o autor lembra que a articulação política do então Governo Bolsonaro entregou de mão beijada a relatoria do projeto do Novo Código Penal Brasileiro a um senador petista. Menciona o caso da nomeação de Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal, que foi sustada por decisão judicial monocrática contra a qual Jair Bolsonaro decidiu não recorrer.

O livro relembra também a postura amadora do General Heleno à frente do GSI, lembra o episódio bizarro da nomeação de Carlos Decotelli para o MEC e enfatiza o maior de todos os erros estratégicos de Jair Bolsonaro e seu entorno: o de ter agido para a reabilitação do petista Lula para a vida pública, na expectativa de que seria fácil derrotar o petismo:

“Se temos hoje o Lula presidente, os bolsonaristas devem agradecer a incompetência, falta de tato, de postura e liturgia do ex-presidente Bolsonaro, que conseguiu a feito de perder a (re)eleição com a máquina pública em suas mãos, apesar do gasto irresponsável do dinheiro público” (pág. 65)

O autor lembra que nos quase trinta anos de vida pública, o político Jair Bolsonaro aprovou apenas dois projetos de lei como deputado federal e compara esse desempenho pífio com a produtividade política de parlamentares da esquerda.

Voltando à atuação da rede bolsonarista de desinformação, Edgar Platov mostra o exemplo das narrativas falsas veiculadas sobre a Rodovia Transamazônica e a colocação de painéis solares ao longo do Rio São Francisco, que incluíram até mesmo o uso de imagens falsas originárias da Índia.

O livro também relembra personagens importantes do período do Governo Bolsonaro que sofreram processos de assassinato de reputação por cobrar e exigir do ex-presidente atitudes coerentes com a pauta de direita que o elegeu. São citados os casos envolvendo Otoni de Paula, o falecido Major Olímpio, General Santos Cruz, e a ex-aliada Soraya Thronicke no caso da CPI da Lava Toga, que foi abortada por ordem direta de Jair Bolsonaro.

Sem mencionar explicitamente o nome, o autor também faz referência ao processo político que levou à saída de Abraham Weintraub do MEC.

Ao relatar os fatos ocorridos após o segundo turno das eleições de 2022, o autor segue basicamente a mesma abordagem que temos adotado em artigos no Inteligência Analítica: mostra como o silêncio de Bolsonaro, a atitude de generais como Braga Netto e o trabalho intenso de desinformação e manipulação psicológica promovido pela rede bolsonarista de desinformação produziram uma escalada nos eventos até os trágicos episódios do 8 de Janeiro.

No capítulo “SE VICIOU EM DINHEIRO” (pag. 99) o autor faz menção ao papel desempenhado por Roberto Jefferson, que colocou-se como fiel escudeiro de Bolsonaro para ao fim e ao cabo terminar de maneira trágica. E trata também das relações de Bolsonaro com os caciques do Centrão, os mesmos que durante anos fizeram parte de governos petistas anteriores e foram alvo de investigações e até mesmo condenações por suspeitas de corrupção.

Merece atenção o paralelo que o autor estabelece entre as trajetórias de Hugo Chávez e de Jair Bolsonaro (pág. 107). Esse paralelo envolve desde a carreira militar de ambos, o fato de ambos terem sido punidos por indisciplina, o apelo populista no discurso político e o papel das redes sociais na ascensão política de cada um deles. O autor cita estudos de pesquisadores estrangeiros para discorrer sobre o tema.

O fracasso do bolsonarismo como projeto político supostamente de direita ficou evidenciado na campanha eleitoral de 2022, que não apenas apelou para a estratégia do medo (venezuelização, comunismo batendo às portas e outros gatilhos mentais) como no próprio apelo auto depreciativo adotado:

“Seu [de Bolsonaro] governo foi tão incompetente que a base da sua propaganda eleitoral o apresentava como sendo o menos pior” (pág. 118)

O livro também traz as contribuições de três autores distintos: o último capítulo, de autoria de Sergio Wilbur, discorre sobre noções de guerra híbrida, operações psicológicas e todos os conceitos que são familiares às agências de inteligência e serviço militar dos principais países do mundo, mas totalmente ignorados pelos agentes políticos, principalmente os da direita.

O livro também reproduz em duas partes artigo de Rodrigo de Moraes, um dos poucos brasileiros estudiosos do assunto, intitulado O Oito de Janeiro e a Nova Fase da Guerra Híbrida Brasileira e que foi publicado originalmente no Inteligência Analítica em janeiro desse anos. E por fim, traz também trechos dos artigos do editor do Inteligência Analítica: “Eu Autorizo”: A Herança Política do Ditador Getúlio Vargas Continua Presente e Os Caminhos Para a Direita Conservadora no Novo Cenário Político e Institucional do Brasil.

O livro O Minto possui o mérito de possivelmente ser a primeira obra publicado expondo a verdadeira face do bolsonarismo, sem render-se às narrativas delirantes criadas pelos bolsonaristas em torno da figura do “mito” e sem ceder às narrativa puramente retóricas para fins de guerra política que são usadas pela esquerda.

Por essa peculiaridade, recomendamos ao leitor a aquisição e leitura desta obra, que traz subsídios importantes para a tentativa de retomada do debate político racional que precisa ser feito no campo da direita após o desastre representado pelo flagelo do bolsonarismo. O livro O Minto pode ser adquirido diretamente junto à distribuidora por meio do contato abaixo:

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Preços (com frete incluído):
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