por angelica ca e paulo eneas
A jornalista russa exilada que protestou ao vivo na televisão estatal da Rússia contra a guerra na Ucrânia foi condenada nesta quarta-feira (04/10) pelo Tribunal Distrital de Basmanny a oito anos e meio de prisão. O julgamento foi feito à revelia. A jornalista foi condenada por supostamente “difundir notícias falsas” sobre o Exército da Rússia.

Marina Ovsiannikova, de 45 anos, exibiu um cartaz durante um programa televisivo de notícias vespertino em março de 2022. Mas o tribunal a condenou por outro protesto que protagonizou diante do Kremlin em julho do mesmo ano, quando ostentava um cartaz com os dizeres “Putin é um assassino”.

O tribunal decidiu que a jornalista, que fugiu do país logo após os episódios, deve cumprir a pena em uma colônia penal, e ficar proibida durante quatro anos de “participar em atividades relacionadas com a administração de páginas web de redes de informação e telecomunicações”.

O tribunal acrescentou que o prazo da pena começará a contar após a sua prisão em território russo ou a sua extradição para a Rússia. Ovsiánnikova encontra-se exilada na França, onde recebeu o estatuto de refugiada política.

Em outubro de 2022, o regime russo emitiu um mandado de busca e detenção contra a jornalista, que fugiu da Rússia quando se encontrava em prisão domiciliar com a filha de onze anos. Posteriormente, ela confirmou que havia fugido e afirmou ser inocente e que as acusações a ela imputadas são “absurdas e possuem motivação política”.

Uma ditadura que seduz a direita brasileira
A Rússia de Vladimir Putin é um dos regimes mais autoritários do mundo. Herdeira e continuadora no plano político-ideológico do extinto regime soviético, a ditadura comandada com mão de ferro por Vladimir Putin não permite a liberdade de expressão e de opinião.

O regime oligárquico profundamente corrupto mantém uma vocação expansionista e imperialista, promovendo de tempos em tempos invasões militares a países vizinhos como o Afeganistão, ainda na era soviética, Crimeia, Georgia e repúblicas centro-asiáticas e mais recentemente a Ucrânia.

Opositores políticos são invariavelmente presos ou simplesmente assassinados e a principal instituição religiosa do país, a Igreja Ortodoxa, é controlada pelo regime e atua como agente de informação deste. Além disso, a Rússia está entre os países que registra o maior número de abortos no mundo todo ano.

A despeito destes fatos de conhecimento público, parcela expressiva da direita brasileira, que possui uma inegável vocação autoritária, acredita na fantasia delirante de que Vladimir Putin é “conservador” e que “combate os globalistas”. Essa fantasia é alimentada em parte pelo fato do regime russo promover a perseguição a homossexuais, ação esta que é vista de maneira positiva por parte da direita brasileira.


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