por paulo eneas
A derrota que os chilenos impuseram neste domingo (07/05) ao esquerdista Gabriel Boric nas eleições para o chamado Conselho Constitucional, conforme mostramos nesta nota aqui, é emblemática e mostra como a sociedade chilena, livre da tutela do pseudo direitista Sebastian Piñera, conseguiu ao menos em parte mobilizar-se e encontrar seus próprios meios para fazer frente à esquerda.

O chamado Conselho Constitucional é uma herança esquerdista do governo da falsa direita representada por Sebastian Piñera. Assim como Jair Bolsonaro durante seu mandato aqui no Brasil, Sebastian Piñera atendeu a todas as exigências da esquerda enquanto esteve no poder.

Estando na presidência chilena, Piñera demitiu ministros por exigência dos esquerdistas e fez todas as concessões imagináveis, sendo que a principal delas foi dar de presente para a esquerda uma Assembleia Constituinte novinha em folha, que a esquerda tinha a expectativa de dominar por completo.

Da mesma forma aqui no Brasil, Jair Bolsonaro também atendeu as exigências da esquerda durante seu mandato: trocou não apenas seu chanceler ao demitir Ernesto Araújo, mas mudou por completo a orientação da política externa por exigência do Partido Comunista Chinês, por intermédio de seu preposto de então, o ex-embaixador Yan Wanming.

Jair Bolsonaro pegou leve com o MST, distribuindo títulos de terras segundo exigências do movimento. Cumpriu toda a agenda da big pharma e dos globalistas durante a pandemia, ao propor e sancionar a Lei 13979. Desmantelou os mecanismos de combate à corrupção e ufanou-se de ter acabado com a Lava-Jato, para deleite de inúmeros políticos do Centrão, para o qual entregou a gestão do seu governo.

Bolsonaro abandonou aliados históricos pelo caminho e entregou explicitamente a cabeça de seu então ministro da Educação, Abraham Weintraub, com a intenção de “acalmar” membros do Judiciário, conforme relatado em entrevista à Revista Veja pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

Fez do seu governo aquele mais acelerou as pautas feministas e identitárias, na vã esperança de cair na graça da esquerda. Cedeu facilmente ao populismo eleitoreiro do assistencialismo estatal, acreditando ingenuamente que poderia disputar com a esquerda nessa área para ver quem oferecia mais e maiores benefícios.

Na política externa, após ter cedido às exigências do Partido Comunista Chinês, Jair Bolsonaro abriu a trilha hoje percorrida pelo petista Lula, que colocou o Brasil no eixo dos interesses da Rússia, China, Irã e Venezuela e, por extensão, de todo o Foro de São Paulo.

Enquanto era governo, Jair Bolsonaro fazia todas estas concessões à esquerda e ao establishment político sem ser questionado um momento algum pela sua base, que era e continua sendo continuamente manipulada pela sua eficiente rede de desinformação que atua na internet.

As concessões à esquerda feitas por Sebastian Piñera no Chile e por Jair Bolsonaro no Brasil de nada lhe valeram em termos de disputa de poder ou de cargo. Ambos foram derrotados pela esquerda nas suas respectivas eleições. Gabriel Boric venceu no Chile e o petista Lula venceu no Brasil, os pleitos respectivos de sucessão de cada um dos dois pseudo-direitistas.

Hoje, Brasil e Chile estão sob governos de esquerda. Mas com uma diferença importante: aparentemente no caso do Chile, a saída de Sebastian Piñera libertou a direita chilena que, sem a tutela do falso direitista, encontra formas de fazer frente ao governo de Gabriel Boric, como mostrou o resultado do pleito chileno do último domingo.

No Brasil a situação não é a mesma: ainda sob a tutela neutralizadora de ação política exercida pelo bolsonarismo, aquilo que seria uma direita nacional brasileira segue ou paralisada diante do governo petista, ou segue simplesmente incorporando cada vez mais as agendas de esquerda que o bolsonarismo enfia goela abaixo dessa direita.

Isso ficou patente na fala recente da ex-primeira dama, que alguns consideram como herdeira política do bolsonarismo, que veio a público neste final de semana declarar seu apoio a política de cotas, uma das pautas mais defendidas pela esquerda durante anos.

Não sem razão, temos insistido em mostrar que o bolsonarismo é linha auxiliar da esquerda. Nesse quesito, os chilenos estão em situação melhor que a nossa.


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