por angelica ca e paulo eneas
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (08/02) a Operação Tempus Veritatis para investigar a existência de uma suposta organização criminosa que teria, no entender dos investigadores, atuado numa tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, tipos penais especificados na Lei 14197/2021 de Jair Bolsonaro, com o objetivo de obter vantagem de natureza política com a manutenção do ex-chefe do Executivo no poder.
A operação foi realizada em dez estados e teve como alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), dentre outros, inclusive militares.
As ações foram empreendidas nas seguintes unidades da federação: Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Também foi determinada a prisão do Coronel Marcelo Costa Câmara e de Felipe Martins, ambos ex-assessores de Jair Bolsonaro, além do major do Exército Rafael Martins de Oliveira. O presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, foi preso em flagrante na operação por posse ilegal de arma de fogo.
A operação é deflagrada após o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ter fechado acordo de colaboração com a justiça (vulgarmente chamado de delação premiada) junto a investigadores da Polícia Federal. O acordo foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi homologado pela Justiça.
Ainda no ano passado, o Inteligência Analítica antecipou com exclusividade que após ser mais um dos antigos colabores abandonados à própria sorte por Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid iria inevitavelmente fechar acordo de delação premiada que poderia incriminar Jair Bolsonaro e seu staff.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ainda que a Polícia Federal apreendesse o passaporte de Jair Bolsonaro no âmbito da operação. Os agentes foram à residência de Jair Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), para cumprir mandado de busca e apreensão.
Como o documento não estava no local, foi determinado o prazo de 24 horas para a entrega. Os policiais apreenderam na casa do ex-presidente o aparelho celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz.
Ao todo, os agentes cumprem 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Um cenário antecipado e já previsto
Nenhum desses eventos causa surpresa aos leitores do Inteligência Analítica. Desde meados de 2020 temos afirmado que o projeto político do bolsonarismo estava fadado ao fracasso, ante o abandono de suas pautas conservadora originais e a escolha por caminhos diversos daqueles do movimento político que elegeu Jair Bolsonaro em 2018.
Entre estes caminhos diversos estava o da negação permanente da realidade na qual o bolsonarismo mergulhou, interpretando cada derrota como uma vitória imaginária, enquanto os erros e traições de Jair Bolsonaro preparavam a trilha para a derrota inevitável que viria em 2022.
E é importante enfatizar que todas ações judiciais empreendidas em período recente estão ancoradas nos tipos penais previstos na Lei 14197 de Jair Bolsonaro, sancionada em 1 de setembro de 2021, lei esta originária de um projeto de lei de deputado petista que ficou 30 (trinta) anos engavetado, conforme explicamos em detalhe na reportagem abaixo.
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