por paulo eneas
O Estado de Israel sofreu um dos mais devastadores ataques dos últimos anos na manhã deste sábado (07/10), quando integrantes do grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançaram um ataque massivo de foguetes contra o país, atingindo metade do território israelense.

O ataque com foguetes foi acompanhado de uma invasão do sul de Israel por terroristas do Hamas provenientes da Faixa de Gaza, que se infiltraram em território israelense principalmente na cidade de Sderot, que fica cerca de 10km de distância da fronteira de Israel com Gaza.

Os terroristas do Hamas estão mirando principalmente em civis israelenses, atacando-os diretamente em suas residências. Informações iniciais falam em dezenas de civis mortos pelos terroristas e centenas de civis feridos.

Uma das imagens mais chocantes do ataque mostra uma mulher israelense sangrando e sendo capturada por um grupo de terroristas, todos homens, e sendo levada para uma caminhonete.

Outro vídeo mostra as imagens do que aparenta ser o corpo da mesma mulher já morta e semidesnuda, sendo transportada numa caminhonete por um grupo de terroristas, que exibe o cadáver da vítima como se fosse um prêmio ou troféu, como pode ser visto nos vídeos abaixo.


O ataque ocorre um dia depois da data que marcou os cinquenta anos do início da Guerra do Yom Kippur quando, em 1973, os exércitos do Egito e da Síria, com apoio de forças jordanianas, lançaram um ataque coordenado contra Israel no dia da mais importante celebração religiosa judaica, o Yom Kippur, ou dia do perdão.

Nos primeiros dias daquela guerra de meio século atrás, o Estado de Israel esteve na iminência de ser dizimado pelos seus inimigos.

Nas horas seguintes ao início dos ataques do Hamas na manhã deste sábado, o governo israelense convocou reservistas e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou estado de prontidão para guerra, estabelecendo uma zona de situação de emergência numa faixa de 80 Km de extensão ao longo da fronteira com Gaza.

Os ataques com foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza alcançaram metade do território israelense. A segunda mais importante instalação de energia elétrica do país foi atingida. Não há informe oficial de por quê o sofisticado sistema israelense de defesa antiaérea chamado Iron Dome (domo de ferro) não ter funcionado.

Os grupos terroristas invadiram o sul de Israel derrotando as forças israelenses na fronteira com a Faixa de Gaza. Soldados israelenses foram capturados e levados para Gaza como reféns ou para serem executados. Os terroristas do Hamas tomaram posse de armamento militar israelense da fronteira, incluindo rifles e blindados.

O alvo dos ataques dos terroristas do Hamas é a população civil, em sua quase totalidade desarmada. Os terroristas estão invadindo residências e matando ou sequestrando civis, impondo um clima de terror sem precedentes na história recente do país.

Parece haver uma preferência dos terroristas em atacar mulheres israelenses: diversos vídeos nas redes mostram os terroristas do Hamas batendo e agredindo mulheres israelenses nas ruas.

Um pouco antes do meio-dia do horário israelense, o premier Benjamin Netanyahu declarou Estado de Guerra. Duas horas após o início dos ataques terroristas do Hamas, as Forças de Defesa de Israel (IDF) começaram a retaliar em direção à Faixa de Gaza. Sirenes de alerta de ataque terrorista foram disparadas nas principais cidades israelenses, incluindo Tel Aviv e Jerusalém.

Imagens nas redes sociais mostram terroristas do Hama atirando contra civis israelenses na cidade de Sderot, a primeira a ser atacada. Não se tem ao certo ainda quantos terroristas do Hamas invadiram o território de Israel. Informes não oficiais falam em dezenas.

Imagens de impacto mostram caminhonetes transportando corpos de civis israelenses mortos enquanto uma turba de terroristas entoa “Alá Hu Akbar”. Outros vídeos mostram motocicletas arrastando um soldado israelense ainda vivo. Relatos afirmam que terroristas do Hamas ocuparam o kibutz Be’eri, próximo da fronteira com Gaza.

Uma residente do kibutz relatou ao Canal 12 da televisão israelense que ela está acantonada em sua residência tendo apenas um faca de cozinha para se defender. Ao contrário da lenda disseminada na direita brasileira, Israel é um país desarmamentista, sendo quase impossível a um civil israelense ter acesso legal a um arma de fogo. A posse ilegal de arma de fogo pode render anos de prisão.

Além dos ataques diretos promovidos por terroristas do Hamas infiltrados no território israelense, um grande número de civis foi atingido pelos ataques de foguetes lançados a partir de Gaza. Os foguetes miraram principalmente alvos civis.

O grupo terrorista Hamas declarou ter lançado cerca de 5 mil foguetes contra Israel no ataque surpresa da manhã deste sábado: “O povo [palestino] está trazendo de volta hoje a revolução e revivendo a macha de retorno”, afirmou o líder do Hamas, que conclamou os árabes de que vivem em Israel a se juntarem aos terroristas nos ataques aos israelenses.

O chamamento à jihad contra o Estado de Israel estendeu-se também aos grupos terroristas islâmicos do Líbano, Iraque e Síria. O pretexto para os ataques do Hamas foram supostas violações da Mesquita de Al-Aqsa, no Monte do Templo, em Jerusalém.

Os ataques deste sábado se seguiram a dias de conflitos intermitentes na fronteira de Gaza com Israel e na região israelense de Samaria e Judeia, chamada no Ocidente de Cisjordânia, que está há anos sob controle da chamada Autoridade Palestina.

Perguntas que precisam ser respondidas
1) Por que o Estado de Israel foi tomado de surpresa em um ataque terrorista em larga escala? Por que os serviços de inteligência e de contraterrorismo falharam?

2) Por que os milhares de foguetes lançados pelo grupo terrorista Hamas conseguiram atingir em grande parte o território israelense, uma vez que Israel possui um sofisticado sistema de defesa antiaérea chamado Iron Dome (domo de ferro) que é considerado o melhor do mundo? Por que esse sistema falhou?

3) Por que foi tão fácil para os terroristas derrotarem as forças israelenses na fronteira com Gaza, capturar seus soldados e tomar posse de armamentos pesados israelenses, incluindo rifles e blindados?

A resposta a estas perguntas está na crise política e institucional que vive o Estado de Israel há anos e que tem como pivô a elite do poder judiciário. Esta crise está tendo desdobramentos no sistema de defesa e comprometendo a segurança dos israelenses ante as ameaças terroristas, como mostramos no artigo Estado de Israel Obtém Importante Vitória Contra o Ativismo Judicial, publicado em julho.

A raiz da crise reside no fato de o Estado de Israel ser a terra prometida do ativismo judicial, onde a suprema corte funciona como um clube fechado que só aceita novos membros mediante aprovação de seus sócios e que interfere em todos os aspectos da vida dos cidadãos, inclusive impondo políticas desarmamentistas e dificultando o trabalho dos serviços de segurança e de contraterrorismo, além de interferir até mesmo na disciplina das Forças Armadas.

Esta aristocracia judiciária é respaldada pela mentalidade progressista que é majoritária na sociedade israelense e que contamina até mesmo as Forças Armadas, como ficou evidenciado pelo fato dos ataques terroristas terem ocorrido no momento em que havia uma greve na Força Aérea Israelense.

Esta mentalidade progressista guia a maneira ambígua pela qual Israel lida com seus inimigos declarados, que não são apenas inimigos políticos, mas sim forças e agentes que têm o firme propósito de destruir o Estado de Israel e “lançar os judeus ao mar”, na expressão cunhada há décadas por um líder terrorista.

Foi esta ambiguidade que levou o então governo de esquerda de Israel nos anos noventa a cometer o maior de seus erros: aceitar os termos dos Acordos de Oslo, patrocinados pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que implicaram para Israel reconhecer grupos terroristas como interlocutores legítimos para negociações de paz e entregar a estes grupos o controle de porções do território israelense de Samaria e Judeia (Cisjordânia) e Faixa de Gaza.

Os acordos feitos sob a falácia retórica do land for peace, entregar terras em troca de paz, longe de capacitar Israel para enfrentar seus inimigos, fortaleceu estes últimos. O que se assiste nesta sábado é o resultado de acreditar que um país poderá livrar-se de um inimigo entregando a este inimigo tudo o que ele quer. Abordaremos essas questões estruturais e seus possíveis desdobramentos futuros em artigo em separado.


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