por paulo eneas
O BNDES suspendeu nesta segunda-feira (06/02) os pedidos de financiamento e de contratação de linhas de crédito do setor rural referentes ao ano agrícola de 2022/23. Segundo informa o Canal Rural, parte destas linhas de financiamento já haviam sido paralisadas no ano passado, tendo havido uma retomada em fevereiro deste ano por apenas alguns dias até a nova suspensão. A suspensão envolve valores totais de quase R$ 3 bilhões.
A suspensão atinge o programa de crédito agropecuário rural destinado a custeio de produção. Também foram suspensas as linhas de investimento do PRONAF, Programa Nacional de Agricultura Familiar. A medida atinge ainda as linhas de crédito para aquisição de matrizes reprodutoras, compra de tratores e colheitadeiras, recursos para construção e ampliação de armazéns e capitalização de cooperativas agropecuárias.
Segundo afirmou Miguel Dauod, analista econômico do setor de agronegócios, em entrevista ao Canal Rural, o início deste novo governo tem sido marcado por uma atitude hostil com o setor agrícola, na contramão dos discursos da campanha eleitoral.
Miguel Daoud observa também que houve uma sobra orçamentária federal, em relação ao ano passado, de R$6 bilhões em emendas parlamentares, cuja destinação está sendo discutida pelas lideranças parlamentares. O analista cobrou uma postura mais firme das lideranças políticas do setor agrícola quanto à destinação desses recursos.
O analista apontou também as condições desiguais com as quais o setor agrícola brasileiro opera quando comparado a outros países. Observou que nos Estados Unidos, o subsídios anuais ao setor rural são da ordem de US$ 100 bilhões anuais. Na Europa, os subsídios alcançam 120 bilhões de euros anuais e na China a generosidade do Estado com o setor agrícola é da ordem de US$300 bilhões anuais.
Miguel Daoud pontuou a necessidade do setor agrícola procurar depender cada vez menos de crédito e fez uma crítica dura ao petista Lula que, no seu entender, tem adotado uma estratégia populista de tentar juntar o povo ao lado dele, jogando ricos contra pobres e procurar um inimigo que ele não terá como combater lá na frente. Miguel Daoud entende que a estratégia lulista nesse caso é idêntica àquela do ex-presidente Bolsonaro.