por angelica ca e paulo eneas
O Governo a Itália anunciou nesta quarta-feira (06/12) sua saída formal da Iniciativa Cinturão e Rota (Road and Belt Initiative), também chamada informalmente de Nova Rota da Seda, promovida pelo Partido Comunista Chinês.
Concebida como estratégia de soft war do neocolonialismo chinês empreendido pelo ditador Xi Jinping, a iniciativa busca aprofundar as relações com países estrangeiros por meio instrumentos não ortodoxos de investimentos chineses na infraestrutura do países-alvo.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, já havia sinalizado a intenção de seu governo de retirar a Itália do acordo, que estava em fase de renovação. A retirada da Itália do Road and Belt chinês era uma promessa de campanha de Georgia Meloni.
A Itália tornou-se o primeiro país do G7 a aderir à iniciativa chinesa ainda em 2019. A adesão ocorreu durante o governo populista liderado pelo partido Movimento Cinco Estrelas, que justificou a decisão sobe o argumento de fomentar o comércio com a China e, ao mesmo tempo, obter investimentos chineses em grandes projetos de infraestrutura na Itália.
Nos anos seguintes, o déficit comercial da Itália com a China aumentou de 20 bilhões de euros para 48 bilhões de euros. Os investimentos chineses no portos italianos que foram alardeados nas manchetes dos jornais nunca foram alcançados.
Giorgia Meloni, na oposição na época, foi contra o acordo desde o início. O seu atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, afirmou este ano que a Itália não havia obtido “grandes resultados” com o pacto com os chineses.
A iniciativa prevê a reconstrução da antiga Rota da Seda para a ligação da China ao resto do continente asiático, à Europa e além. A iniciativa prevê grandes gastos da parte dos chineses em infraestrutura de estradas e rotas marítimas, incluindo portos, financiados por empréstimos do banco de desenvolvimento chinês.
Mas o que a iniciativa Road and Belt prevê de fato e que nunca é explicitado é que ela constitui-se em mecanismo para ingerência chinesa em assuntos internos dos países alvo em favor dos interesses do Partido Comunista Chinês.
Muito mais do que negócios, o Road and Belt Initiative é uma eficiente e bem elaborada estratégia de soft war empreendida pelo regime de ditadura chinês para o uso de diversos instrumentos, como chantagem e corrupção de agentes públicos dos países alvo, para assegurar os interesses chineses, comprometendo assim a soberania dos países que aderem.
Existem registros do Banco Mundial documentando centenas de casos de corrupção de agentes públicos dos países-alvo por parte do PC Chinês no escopo da iniciativa caminho e rota, o que evidencia o caráter neocolonialista desta estratégia de soft war do Partido Comunista Chinês.