por paulo eneas
A companhia Ford Motors juntou-se a outras grandes empresas norte-americanas ao anunciar esta semana que está abandonando a chamada agenda woke, um conjunto de práticas corporativas ideologicamente orientadas que incluem políticas de diversidade e “inclusão” na área de recursos humanos que abrangem, entre outras, cotas raciais e de orientação sexual.
A ideologia da agenda woke também está presente na publicidade de produtos e serviços de muitas companhias, que costuma dar ênfase igual ou maior ao proselitismo ideológico identitário e progressista da esquerda do que às qualidades do produto ou serviço anunciado.
Além da Ford Motors, empresas norte-americanas como a Tractor Supply, John Deere, Harley-Davidson e a fabricante do Jack Daniel’s também anunciaram o abandono da agenda em suas diretrizes corporativas. A decisão dessas companhias vem após deliberação da Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos que aboliu a chamada ação afirmativa baseada em critérios raciais para a admissão em universidades.
Quando a Ideologia Bate a Cara no Muro da Realidade
A decisão da Ford e demais grandes empresas mostra o destino que espera todas as ideologias: em dado momento, a realidade objetiva sempre se impõe. A adoção de políticas corporativas baseadas na agenda woke compromete a produtividade, reduz a eficiência, coloca de lado a meritocracia, aumenta os custos e na ponta final encarece o produto ou serviço, comprometendo a lucratividade das empresas.
O que causa espanto é constatar que os dirigentes e CEOs dessas empresas tenham demorado tanto tempo para perceber o óbvio: se uma empresa está mais preocupada em assegurar a “diversidade” étnica, de orientação sexual e de opiniões de seus funcionários do que a eficiência no trabalho e valorização do mérito, em algum momento a produtividade do trabalho estará comprometida.
Estes casos exemplares do mundo corporativo seguramente começarão a se estender para outras esferas, como o meio acadêmico e, quiçá, da representação política. O que mostra que para todo tipo de ideologia existe um teto: e este teto se chama a realidade, que não irá moldar-se sozinha para atender aos caprichos ideológicos de grupos de interesses.
Pois o que interessa para uma empresa ao final é se seu produto ou serviço irá atender as expectativas de seu público consumidor. Afinal, ninguém compra um automóvel levando em conta a “diversidade” étnica e de orientação sexual dos funcionários que o produziram. Segundo nos informa a realidade, as pessoas compram um produto se o considerar de boa qualidade e de preço justo. Todo o resto é irrelevante.
A Agenda Woke Será Eletrocutada Por Choque de Realidade
As pautas da agenda identitária da esquerda, ainda que barulhentas e com formidável poder de lobby, tendem a ser paulatinamente eletrocutadas por choque sucessivos com a realidade e no médio prazo restarão apenas como caprichos ideológicos em nichos elitistas específicos e sem importância alguma para quem vive fora desses nichos.
Um exemplo que não é da agenda woke são os chamados alimentos orgânicos: são caros, pois é impossível produzi-los em larga escala, e tornaram-se apenas opção de consumo para nichos minoritários da elite, e que não incomodam ninguém fora desses nichos.
O mesmo destino terá a agenda ambientalista radical: exceto pelas questões reais que afetam a vida de milhões de pessoas, como poluição urbana, saneamento básico e queimadas, a maior parte dos itens dessa agenda tende a se esvair pela imposição cruel da realidade.
Vimos isso em período recente na Europa, onde diante do temor do corte no fornecimento de gás natural russo por conta das sanções impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia, governos europeus, inclusive os de esquerda e os considerados “globalistas” pela direita bolchevique ocidental, decidiram religar suas usina termoelétricas movidas a combustível fóssil ou nucleares.
Ou seja, o ambientalismo radical da esquerda termina quando o inverno chega e você precisa se aquecer. Mais uma vez é a realidade se impondo sobre qualquer ideologia.
Estes episódios reforçam a concepção que temos defendido há muito tempo: nada pode ser mais inútil na política e na vida de cada indivíduo do que uma ideologia, seja ela qual for. Por que toda ideologia e os embates que ela enseja servem apenas para descolar o indivíduo do mundo real em que ele vive. E na política, bem como na vida de qualquer pessoa, o que realmente importa é o mundo real e a realidade concreta.
Por fim, entendemos que a direita nunca teve habilidade nem estratégia política inteligente o bastante para lidar com a agenda woke, limitando-se a ser reativamente pautada por esta agenda. Trataremos desse tema das relações entre a direita política e agenda identitária da esquerda em artigo em separado.
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