por paulo eneas
Passados cinco meses de governo petista, a política externa brasileira aprofunda sua diretriz de alinhamento ao bloco totalitário do eixo russo-chinês e a tentativa, até aqui frustrada, do petista Lula de colocar-se na posição de líder natural da esquerda latino-americana, conforme mostramos no artigo O Anacronismo Político do Petista Lula & A Blindagem Proporcionada Pela Irrelevância.

É inevitável fazer uma comparação desses cinco primeiros meses da diplomacia de anão do governo petista, com os cinco primeiros meses de diretriz de política externa soberana e alinhada aos valores ocidentais de liberdade e democracia, que foi empreendida pelo ex-chanceler Ernesto Araújo a partir de janeiro de 2019 e durante todo o período em que permaneceu na chefia da chancelaria brasileira.

O próprio ex-ministro fez essa comparação. Em texto publicado na última quarta-feira (31/05) em sua rede social, Ernesto Araújo exibe as ações concretas do Itamaraty nos cinco primeiros meses de sua gestão. E observa também que estas ações começaram a ser abandonadas em março de 2021, quando de sua saída do Itamaraty, quando teve início uma diretriz de política externa totalmente oposta, a qual o governo petista hoje dá continuidade. O texto de Ernesto Araújo está reproduzido abaixo.


Recordando. Nos primeiros 5 meses do governo Bolsonaro, com a nova política externa que eu então conduzi:

  • Organizamos uma coalizão de mais de 50 países de todo o mundo que retirou reconhecimento ao regime ditatorial de Maduro na Venezuela, possibilitou a formação do governo legítimo de Juan Guaidó, e só não conseguiu derrubar a ditadura por causa da repressão brutal de Maduro apoiado pelos governos totalitários de Rússia, China e Cuba.
  • Realizamos visita presidencial histórica aos Estados Unidos onde estabelecemos as bases de uma aliança Brasil-EUA, com o princípio de que, se queremos ter no Brasil uma verdadeira democracia com economia de mercado (liberdade política e liberdade econômica), nossa principal relação precisa ser com a maior democracia e economia de mercado do mundo, e não com um país totalitário e socialista como a China.
  • Criamos o PROSUL, organização para uma integração sul-americana baseada na democracia e livre mercado e no combate ao crime organizado (corrupção/narcotráfico /terrorismo) que forma a essência do Foro de São Paulo. Fechamos o clube de apoio recíproco entre narco-socialistas, que era a UNASUL.
  • Renovamos o Mercosul, para que deixasse de ser uma vaca leiteira do Foro de São Paulo e se tornasse plataforma de integração ao mundo, o que se confirmou logo em junho de 2019 com a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia.
  • Realizamos visita presidencial também histórica a Jerusalém, concretizando finalmente a amizade profunda sentida pelo povo brasileiro com Israel, ao mesmo tempo em que aumentamos a relação com os países árabes, o que contribuiu para os futuros acordos de paz na região.
  • Reorganizamos a relação com a China, sob o princípio de que “queremos vender soja e não vender a nossa alma”, ou seja, relação comercial produtiva, mas sem trazer para o Brasil o modelo chinês de governança e sem condicionar nossas decisões às estratégias do Partido Comunista Chinês.
  • Assumimos a presidência do BRICS e demos ao grupo o caráter de simples foro de diálogo e iniciativas técnicas específicas, não de aliança estratégica, que não teria cabimento em se tratando de grupo com presença de dois países totalitários com valores completamente diferentes dos nossos, China e Rússia.
  • Assumimos posições na ONU pela preservação da soberania brasileira, não aceitando que organismos internacionais definissem a nossa legislação em temas como aborto, gênero ou educação, e sem subordinar nossa Constituição à Agenda 2030 da ONU.
  • Reposicionamo-nos nas negociações do clima para evitar que fossem usadas como pretexto para controlar nossa agricultura, e reorientamos a estratégia para a Amazônia, de modo a centrá-la na atração de investimentos produtivos, exploração sustentável de recursos e criação de empregos, não no financiamento de ONGs pouco transparentes.
  • Iniciamos a construção de parcerias estratégicas com grandes democracias como Japão, Índia e Reino Unido.
  • Obtivemos o apoio de todos os países da OCDE para nos tornarmos membros, possibilitando o convite oficial que viria em 2021.
  • Começamos a mudar a mentalidade da diplomacia brasileira, para que deixasse de bajular tiranos externos e corruptos internos, acomodada em falsas tradições pró-totalitárias, indiferente ao povo, e se tornasse um centro de trabalho pela liberdade, soberania, prosperidade, segurança e valores dos brasileiros.

Todas essas e outras iniciativas começaram a dar frutos imediatamente. Entretanto, com a influência crescente do Centrão, da esquerda e do Partido Comunista Chinês sobre o governo e demais instituições, a partir de 2020 começaram a ser travadas. A partir de março de 2021, quando deixei o governo, foram quase todas abandonadas.

Agora, nestes trágicos primeiros meses de governo Lula, estão sendo completamente revertidas. A política externa de Lula e Celso Amorim já conseguiu afundar o Brasil até o pescoço na lama do projeto totalitário e do globalismo destruidor da nossa liberdade, dignidade e soberania.


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