por angelica ca e paulo eneas
Um estudo publicado na semana passada pelo Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) revela que 88% da população de Cuba vive atualmente em situação de pobreza extrema. Este número é 13% superior ao índice de pobreza de 2022, segundo os resultados do VI Relatório sobre Estado dos Direitos Sociais em Cuba divulgados pela entidade.
O Observatório salienta ainda que tanto a crise alimentar como a inflação tiveram “impacto na economia da maioria das famílias neste último ano”. O estudo foi baseado em 1.354 entrevistas em 75 municípios cubanos e apontou “o grave estado” dos direitos sociais na ilha, “devido às crises estruturais e acumuladas e à falta de vontade política das autoridades” para fazer as mudanças que o país necessita.
A pesquisa foi realizada entre 12 de julho e 7 de agosto de 2023. O estudo também destacou um aumento na preocupação com a segurança alimentar, baixos salários e inflação. A pesquisa revelou ainda que 62% dos entrevistados têm dificuldades até mesmo para comprar as coisas mais essenciais para sobreviver. Esse percentual é 11 pontos maior do que o reportado no relatório do ano anterior.
A preocupação com a crise alimentar subiu cinco pontos face ao ano anterior, situando-se nos 70%, seguida de problemas como salários (50%) e inflação (34%). Os resultados também indicam uma piora nos serviços oferecidos pela saúde pública cubana.
Quase nove em cada dez cubanos (86%) criticam a gestão econômica e social do governo. Neste contexto, 68% dos cidadãos classificam a gestão do governo como muito negativa, um aumento considerável de 17 pontos em relação ao ano anterior.