por paulo eneas
O establishment político israelense exibiu nesta segunda-feira (22/04) o bode expiatório que por ora levará sozinho a culpa pela facilitação interna que permitiu a um grupo de terroristas do Hamas vindos da Faixa de Gaza invadir a pé o território israelense e matar mais de 1.200 civis e sequestrar outras centenas de vítimas em outubro do ano passado.
O chefe do serviço de inteligência militar israelense, Aharon Haliva, apresentou sua renúncia nesta segunda-feira após ter sido ordenado no ano passado a assumir sozinho a responsabilidade pelas “falhas” que permitiram o ataque liderado pelo Hamas no dia 7 de outubro.
Aharon Haliva, major-general das Forças de Defesa de Israel, é o primeiro oficial militar a renunciar em decorrência daquele ataque terrorista do Hamas contra civis israelenses. Inúmeras famílias judias israelenses prosseguem na espera da libertação de seus familiares civis sequestrados há meses, incluindo mulheres, crianças e idosos, que seguem em cativeiro na Faixa de Gaza.
Logo após o ataque do Hamas de outubro do ano passado, Aharon Haliva declarou: “não cumprimos a nossa tarefa mais importante e, como chefe da Direção de Inteligência, assumo total responsabilidade por este fracasso”.
A declaração do oficial militar foi obviamente protocolar. O ataque do Hamas não resultou de uma “falha” de segurança e menos ainda do “fracasso” do responsável pela inteligência militar. O Estado de Israel possui o mais eficiente serviço de inteligência, informação e contra-inteligência do mundo.
O ataque do Hamas a civis israelenses ocorreu não por falha ou fracasso, mas por facilitação interna deliberada, ensejada por disputas internas fraticidas no establishment político israelense incluindo seu sistema judiciário, que possibilitou aos terroristas invadirem a pé o território de Israel, iniciar a matança, estupros e sequestros de civis durante várias horas sem que nenhuma força de defesa fosse acionada.
A elucidação e identificação dos verdadeiros responsáveis israelenses pela tragédia somente virá a público em alguns anos, até mesmo por conta do trauma nacional que o episódio representa, equiparável em vários aspectos ao trauma nacional da Guerra do Yon Kipur de 1973.
Até que a verdade venha à luz, assistiremos nos próximos meses a exibição de mais alguns bodes expiatórios como o desta segunda-feira. E parcela do público israelense continuará fazendo de conta que acredita. Mas possivelmente o heartland da nação israelense não vai fingir e muito menos esquecer.
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