por angelica ca e paulo eneas
O candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado nesta quarta-feira (09/08) quando saía de um compromisso político em Quito, capital do país. De acordo com informações das mídias locais, o político estava saindo do Anderson College quando foi alvejado com vários disparos de tiros.
Três tiros teriam acertado Fernando Villavicencio na cabeça. O ataque contra o candidato presidencial também deixou outras pessoas feridas. Fernando Villavicencio era candidato a presidente pelo partido Movimiento Construye Ecuador. Horas após o crime, a organização criminosa Los Lobos postou vídeo nas redes sociais reivindicando a autoria do atentado.
Ao longo de sua carreira política, iniciada como sindicalista depois de ter trabalhado como jornalista, Fernando Villavicencio tornou-se um crítico ferrenho da corrupção desenfreada no país, especialmente durante o governo esquerdista do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).
A imprensa brasileira tem apresentado o candidato assassinado como sendo um político de direita. No entanto, é mais correto associa-lo à imagem de um político lavajatista progressista aqui do Brasil. Fernando Villavicencio criticava abertamente tanto o petista Lula, quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro. Tinha no enfrentamento à corrupção e ao crime organizado o centro de sua plataforma.
As próximas eleições presidenciais equatorianas ocorrerão em 20 de agosto e as pesquisas eleitorais mostravam que Villavicencio tinha menos de 10% das intenções de voto de um eleitorado que está cerca de 40% indeciso, segundo estas mesmas pesquisas.
O atual presidente equatoriano, Guillermo Lasso, anunciou uma operação especial para encontrar os criminosos. Em setembro de 2022, Villavicencio sofreu um atentado a tiros em sua residência. Há poucos dias, ele havia denunciado ameaças contra sua equipe de trabalho, perpetradas pela organização criminosa Los Choneros.
O atentado contra Villavicencio se soma a uma série de atos violentos que abalaram o país em plena campanha eleitoral. Nos últimos meses, o prefeito de Manta, um importante porto do narcotráfico, e um candidato à Assembleia foram assassinados. Além disso, houve massacres em prisões, sequestros e atentados a bomba atribuídos ao crime organizado.
Horas após o assassinato, a organização criminosa Los Lobos divulgou vídeo nas redes sociais reivindicando a autoria do crime e fazendo ameaças a outros políticos. A organização é a segunda maior facção criminosa do Equador e surgiu a partir de uma dissidência de Los Choneros. Os dois grupos estão associados a crimes em presídios e tráfico internacional de drogas e possuem ligações com cartéis mexicanos.