por paulo eneas
A justiça atendeu pedido da Polícia Federal e determinou na noite desta quinta-feira (17/08) a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O pedido da Polícia Federal foi feito no âmbito das investigações sobre o suposto esquema de vendas no exterior de joias e objetos de valor doados por governantes estrangeiros ao Brasil durante as visitas oficiais do então presidente Jair Bolsonaro. Por lei, tais objetos devem ser incorporados ao patrimônio da União.
A autorização para a quebra dos sigilos foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
No pedido feito à justiça, a Polícia Federal afirma que “os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.
Observe-se que o próprio pedido de quebra de sigilo traz uma informação que contradiz a justificativa para a quebra: se, segundo as investigações, os recursos provenientes da suposta venda dos bens valiosos eram movimentados em espécie, a quebra de sigilo bancário não irá necessariamente trazer mais informações sobre o suposto cometimento deste ilícito.
Portanto, o pedido de quebra de sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e de Michelle Bolsonaro parece estar relacionado a alguma outra estratégia investigativa por parte da Polícia Federal, estratégia esta que ainda não está clara para a maioria dos analistas políticos.
O fato é que de nada adiantou Jair Bolsonaro ter feito todas as concessões que fez ao longo dos quatro anos de seu governo. De nada adiantou ter abandonado a pauta que o elegeu em 2018 e ter tentado agradar a esquerda fazendo avançar as suas agendas. De nada adiantou ter virado as costas e abandonado apoiadores históricos.
Se Jair Bolsonaro fez tudo isso na expectativa de “sobreviver pela misericórdia de seus inimigos”, nas palavras do saudoso professor Olavo de Carvalho, os fatos recentes mostram que o inimigo não é misericordioso, principalmente com aqueles que construíram um projeto político em forma de castelo de cartas que consistia apenas em provocar o inimigo com bravatas sem ter estratégia alguma para fazer o enfrentamento.