por paulo eneas
A eleição para a presidência e a mesa diretora do Senado Federal para o biênio 2023/2024 será realizada nessa quarta-feira (01/02) em votação secreta na qual os senadores escolherão entre as candidaturas de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que concorre à reeleição com apoio do governo federal, e o senador recém-eleito Rogério Marinho (PL-RN), que foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Rodrigo Pacheco foi eleito para o biênio anterior (2021/2022) com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e teve sua gestão marcada por críticas contundentes à sua omissão em relação a questões que afetam a harmonia e a independência entre os três poderes. Estas questões suscitaram pedidos de impeachment de magistrados, pedidos estes que foram solenemente ignorados pelo presidente do Senado Federal.

Influenciadores digitais sempre atribuíram esta omissão a supostos interesses privados do senador Rodrigo Pacheco relacionados à sua atividade anterior de advogado em Minas Gerais.


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Esta alegação, fundada ou não, serviu nesses dois anos para ocultar aquilo que foi o real motivador da omissão de Rodrigo Pacheco em sua gestão às frente do Senado: o cumprimento do acordo selado com então presidente Bolsonaro, em nome de um “apaziguamento” nas relações entre os poderes, já tensionadas naquele início de 2021.

Segundo nossas fontes, este acordo entre Bolsonaro e Pacheco no âmbito do apoio governista ao senador mineiro para a presidência do Senado em 2021, envolveu o compromisso do senador em não dar andamento a ações que pudessem, no entender das partes envolvidas, criar tensionamento adicional com o Judiciário, pois já naquele momento o então Presidente da República procurava agir em busca do chamado apaziguamento.

Meses antes o então presidente Bolsonaro já havia concordado não apenas em trocar seu então ministro da Educação, Abraham Weintraub, como havia decidido “entregar sua cabeça” como demonstração de intenção de apaziguamento, conforme relatado meses depois pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi um dos operadores da decisão.

Rodrigo Pacheco torna-se o candidato natural de Lula
Com a volta dos petistas à Presidência da República, Rodrigo Pacheco tornou-se o candidato natural do governo à presidência do Senado, uma vez que ele é o protótipo do político tradicional que não tem posição definida alguma sobre nenhum tema nacional relevante, apenas adequando-se às circunstâncias para manter-se no poder.

A oposição, formada também por senadores supostamente de direita, lançou então o nome de Rogério Marinho para a disputa. Com o nome de Rogério Marinho colocado, influenciadores nas redes sociais deram início ao que pode ser chamado de ativismo de auto-ilusão, que consistiu numa “campanha” em rede social em favor de Rogério Marinho e contra Rodrigo Pacheco.

Ocorre que a eleição da mesa diretora do Senado Federal é assunto interna corporis da Casa, cujo regimento interno prevê em seu Art. 60 que a escolha será feita por votação secreta dos 81 senadores. O Projeto de Resolução 52/2018 do senador Lasier Martins (PSD-RS) prevê a mudança do regimento para a votação ser aberta, mas ainda não foi apreciado pelo Senado.

O fato é que uma votação nestas circunstâncias é pouco susceptível à pressão da opinião pública por meio de redes sociais pelo fato de ser secreta, a despeito da intenção manifestada por uma parcela dos senadores de exibirem ao público os seus votos. O que na verdade vai definir o resultado da votação são dois fatores principais:

a) O poder de barganha ou a “caneta” do Governo Federal, principalmente em seu início, quando há centenas ou mesmo milhares de cargos públicos a serem preenchidos ou trocados.

b) O interesse corporativo interno do Senado, muito mais acentuado do que o da Câmara dos Deputados, que envolve os demais cargos da mesa diretora e a presidência das principais comissões permanentes da casa.


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Erro da articulação governista e salto alto de Pacheco favorecem Marinho
O cenário da disputa passou a ficar mais favorável a Rogério Marinho nestes últimos dias em função de alguns fatos decisivos que levaram à mudança no humor dos senadores. O primeiro foi a postura de “salto alto” de Rodrigo Pacheco que, sentindo-se seguro da sua reeleição, não se dignou a cabalar pessoalmente os votos junto aos senadores.

Pacheco atribuiu a tarefa de conquista votos para sua reeleição ao senador David Alcolumbre (União-AP) e a um assessor, um tratamento considerado de desprestígio por parte de seus potenciais eleitores.

Outro episódio que mudou o cenário envolveu um senador que teve suas redes sociais bloqueadas por decisão judicial. Segundo nossas fontes, após tentativas frustradas de reavê-las pelas vias judiciais convencionais, o senador comunicou a Rodrigo Pacheco o ocorrido e imediatamente, por meio de um telefonema de Pacheco segundo nossas fontes, as redes foram restabelecidas.


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Ao contrário de gerar gratidão a Pacheco, o episódio gerou uma indignação por parte do senador “agraciado com a gentileza”, pois ficou evidenciado que o atual presidente do Senado Federal estaria usando de um certo tipo de influência para barganhar votos junto aos demais senadores.

Rodrigo Pacheco estaria encontrando resistência também junto aos senadores eleitos no ano passado, um terço do Senado, pois começou a ficar claro para estes que os arranjos feitos pelo atual presidente da Casa beneficiam apenas os senadores já detentores de mandato, não restando espaço algum para os recém-chegados.

Estes fatos, segundo as fontes com quem conversamos, especialmente a recusa de Pacheco em partir para o corpo a corpo com seus pares, em uma postura própria de quem coloca-se acima dos demais senadores, e seu empenho em ostentar uma relação privilegiada com outras instituições de poder, geraram no Senado um sentimento crescente de repulsa à sua candidatura, por conta do espírito corporativo interno que é muito forte na Casa.


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Rodrigo Pacheco vendeu um peixe podre ao governo
Ainda segundo nossas fontes, Rodrigo Pacheco pode ter vendido um peixe podre ao governo petista ao dar a entender que sua reeleição estaria garantida e com isso imobilizar o rolo compressor da máquina governamental. Somente quando a articulação política do governo se deu conta no início desta semana de que o barco do senador mineiro estava vazando água, é que sua tropa de choque entrou a ação.

Na tentativa de reverter o cenário desfavorável, o ministro Alexandre Padilha entrou em ação e reuniu-se nesta terça-feira (31/01) com um grupo de senadores supostamente indefinidos para tentar assegurar votos ao candidato governista. A ordem do Planalto, segundo uma de nossas fontes, é “sair às compras” para evitar que a presidência do Senado Federal fique sob o controle da oposição.

Obviamente o resultado desta eleição permanece incerto, mas ao menos nesta reta final o ambiente mostra-se muito mais favorável ao senador Rogério Marinho, ainda que o acionamento da tropa de choque governista e seu rolo compressor nas últimas horas não possa ser ignorado.

Esse favoritismo está longe de estar relacionado ao ativismo de auto-ilusão nas redes sociais, ou a supostos telefonemas do ex-presidente Bolsonaro, e menos ainda à insistência de Flávio Bolsonaro em exigir dos senadores da oposição que exibam publicamente seu voto. O aparente favoritismo de Rogério Marinho reside na força do corporativismo interno do Senado Federal, que Rodrigo Pacheco aparentemente ignorou em sua soberba e seu salto alto.


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