Uma hipotética, ainda que improvável, rejeição ao nome de Flavio Dino não irá resultar de lacrações em rede social, de textões com retórica bombástica e muito muito menos de micaretas de rua. Uma hipotética rejeição somente ocorrerá se houver uma articulação cuidadosa e profissional de bastidores, envolvendo governadores da “oposição” e demais agentes políticos interessados em obter resultados, e não em conquistar likes e engajamentos em rede social.
por paulo eneas
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira (04/12) “ser bem difícil” o Senado barrar o nome do ministro Flavio Dino para a vaga atualmente em aberto no Supremo Tribunal Federal. Flavio Dino foi indicado pelo petista Lula na semana passada, um dia após comício dos bolsonaristas na Avenida Paulista.
Ao responder a pergunta de um seguidor sobre a possibilidade do Senado rejeitar o nome de Flavio Dino, Eduardo Bolsonaro afirmou: “creio ser bem difícil, Senado jamais barrou um nome [indicado para o STF]”.
Além da fala do deputado ser factualmente errada, pois o Senado já barrou um nome indicado ao STF em 1894 durante a ditadura de Floriano Peixoto, ele veio no pior timing possível. Pois o deputado confessa que nenhuma articulação está sendo feita pela suposta “oposição” junto aos senadores para rejeitar o nome indicado por Lula.
Meses atrás, essa mesma direita afirmava ser estratégico apoiar o nome do agora ministro Cristiano Zanin, pois se assim não fosse, haveria “o risco de Lula indicar Dino”.
Dessa forma anulou-se qualquer possibilidade de articular politicamente a rejeição ao nome do Dr. Zanin, que caso ocorresse não espelharia necessariamente um juízo sobre as qualificações do agora ministro, mas teria o impacto de uma derrota política imensa do petista Lula.
O nome do Dr. Zanin foi aprovado com elogios de senadores da suposta “oposição”, como Flavio Bolsonaro. Agora diante da indicação de Flavio Dino, a suposta e imaginária oposição deveria estar procurando articular junto aos senadores a rejeição ao nome do indicado pelo petista Lula.
Uma hipotética, ainda que improvável, rejeição ao nome de Flavio Dino para a cúpula do judiciário não irá resultar de lacrações em rede social, de textões com retórica bombástica e muito muito menos de micaretas disfarçadas de manifestação. Nada disso servirá para coisa alguma e terá efeito nulo.
Uma hipotética rejeição somente ocorrerá se houver uma articulação de bastidores, feita de modo cuidadoso e profissional, envolvendo governadores da “oposição” e demais agentes políticos interessados em obter resultados, e não em conquistar likes e engajamentos em rede social.
Mas Eduardo Bolsonaro já fez a gentileza ao atual ministro da Justiça do governo petista, informando que nada está sendo feito neste sentido e que vai “ser bem difícil” o Senado rejeitar o nome indicado. O que seguramente já é bem difícil é acreditar que existe alguma oposição de direita ao atual governo.