por paulo eneas
A esquerda socialista de Gustavo Petro sofreu uma derrota ampla nas eleições locais e regionais realizadas no último domingo (29/10) na Colômbia. A derrota mais significativa foi na capital, Bogotá, onde o ex-senador Carlos Fernando Galán, do partido Novo Liberalismo, foi eleito prefeito com mais de 49% dos votos em primeiro turno.

Carlos Fernando Galán, filho político tradicional colombiano Luis Carlos Galán, assassinado em 1989 pelo narcotráfico, tornou-se o prefeito mais votado da história de Bogotá, com mais de 1.4 milhão de votos. Gustavo Bolivar, candidato e amigo pessoal do presidente esquerdista Gustavo Petro, amargou um terceiro lugar no pleito, obtendo apenas 18.7% dos votos.

Estes resultados representam uma derrota significativa para a coligação esquerdista do presidente colombiano, que tem um dos seus grandes redutos eleitorais justamente na capital Bogotá, cidade da qual ele próprio foi presidente da Câmara de Vereadores.

Em Medellín, o vencedor foi Federico Fico Gutiérrez, candidato apoiado pelo Centro Democrático, que liderou as pesquisas desde que oficializou sua candidatura. Gutiérrez, que entre 2016 e 2020 já foi prefeito de Medellín, obteve mais de 70% dos votos.

O líder do movimento Revivamos Cali, Alejandro Eder, foi eleito prefeito da cidade de Cali , após superar o favorito, Roberto Ortiz. Enquanto Alejandro Char, candidato do Cambio Radical, será novamente prefeito de Barranquilla pela terceira vez, depois de ter governado a cidade entre 2008-2011 e 2016-2019.

A direita precisa reavaliar sua leitura do Foro de São Paulo
Os resultados eleitorais nas principais cidades colombianas mostram a rejeição ampla por parte da população das políticas esquerdistas do ex-guerrilheiro Gustavo Petro. Ainda que os candidatos de centro eleitos não representem algum tipo de renovação no establishment político colombiano, a derrota política da esquerda nos pleitos regionais tem uma relevância ímpar.

O resultado também serve para uma reavaliação crítica por parte da direita brasileira das leituras normalmente feitas sobre as estratégias do Foro de São Paulo, leituras estas que aparentemente tendem a superestimar a eficiência dessa articulação política entre as esquerdas latino-americanas e seus braços no crime organizado associado ao narcotráfico no continente.

A derrota da esquerda nas eleições regionais colombianas, o surgimento da figura exótica de Javier Milei com chances reais de vitória na Argentina, as divergências explícitas entre o petista Lula e os presidentes esquerdistas Gustavo Petro, da Colômbia e Gabriel Boric, do Chile, sobre a narcoditadura venezuelana, além da derrota recente da esquerda de Rafael Correa no Equador mostram que a leitura que a direita brasileira vem fazendo sobre o Foro de São Paulo precisa ser atualizada e reavaliada.

Essa reavaliação é ainda mais necessária uma vez que existe um consenso na direita brasileira sobre o papel do Foro de São Paulo na articulação e estabelecimento de diretrizes para movimento comunista latino-americano desde o início dos anos noventa.

Ocorre que passados trinta anos, nenhum regime comunista foi implantado no continente, à exceção da Venezuela, cujo regime de ditadura vinculado ao narcotráfico caracteriza-se muito mais pela sua função de proxy dos interesses geopolíticos da Rússia, China e Irã no subcontinente.

No Brasil, o Foro de São Paulo ficou treze anos no poder, mais da metade desse tempo sem nenhuma oposição de direita, até ser desalojado pela Lava-Jato, surgida no governo Dilma e sepultada no Governo Bolsonaro. As explicações convencionais sobre aquilo que seria o papel do Brasil numa suposta grande estratégia do Foro de São Paulo na América Latina precisam ser revistas, à luz da real natureza da política, que é a disputa de poder.

Soma-se a estes fatores, o elemento China, que era um player de muito menor expressão geopolítica internacional nos início dos anos noventa e que atualmente, em aliança estratégica coma empobrecida Rússia, é a maior ameaça às democracias ocidentais, por meio de estratégias soft war.

Soma-se também o fator Irã e seus proxies formador por grupos terroristas como o Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica, entre outros, que já possuem seus braços operacionais na América Latina e cujas estratégias de ação podem muito bem prescindir de qualquer arranjo prévio em nível regional dos partidos de esquerda tradicionais. Voltaremos a este tema em artigos futuros. Colaboração de Angelica Ca.


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