por paulo eneas
A revelação surpreendente feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), relatada em detalhes pela Revista Veja, sobre suposto plano que teria sido arquitetado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro juntamente com o ex-deputado Daniel Silveira para impedir a posse do petista Lula na Presidência da República trouxe um novo ingrediente ao ambiente político tensionado que o país vive desde o final das eleições do ano passado.
Em mensagem em sua rede social na madrugada desta quinta-feira (02/02), e conforme detalhado na reportagem da Veja, Marcos do Val afirmou que o suposto plano consistiria em fazer com que ele, o senador, se aproximasse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral com a intenção de gravar conversa que pudesse ser usada contra o magistrado e anular o resultado o pleito presidencial.
Nas palavras de Marcos do Val, ele teria sido coagido pelo ex-presidente para fins de um golpe de Estado. O senador afirma então que teria denunciado o suposto plano para não cometer prevaricação. Após a revelação do suposto plano, Marcos do Val comunicou sua intenção de renunciar ao mandato de senador.
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Senador recua e acusa o ex-deputado Daniel Silveira
Após a ampla repercussão de sua denúncia, Marcos do Val recuou e alterou sua narrativa, negando que o ex-presidente Jair Bolsonaro o tivesse coagido, e passou então a atribuir a autoria da suposta tentativa de golpe ao ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira (02/02) pela Polícia Federal por supostamente descumprir medidas cautelares restritivas.
O senador não recuou apenas de parte de suas afirmações anteriores, com o objetivo explícito de blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro das acusações feitas pelo próprio senador. Em entrevista coletiva em seu gabinete, Marcos do Val também desconversou sobre sua anunciada intenção de renúncia ao mandato de senador, que vai até 2026.
Ao acusar Daniel Silveira de ser o suposto arquiteto do alegado plano golpista, Marcos do Val adentra em questões de menor dimensão do ponto de vista da relevância nacional, como o suposto interesse do ex-deputado em ocupar um cargo no gabinete do senador Magno Malta (PL-ES).
Ao comentar as denúncias de Marcos do Val, o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) não negou a existência de suposta reunião da qual teriam participado o ex-presidente Jair Bolsonaro, Marcos do Val, e Daniel Silveira. Flavio Bolsonaro limitou-se a dizer que não havia “nenhuma espécie de crime” na alegada reunião.
A denúncia, e posterior recuo, do senador Marcos do Val ensejou também nova movimentação no Senado Federal objetivando a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os episódios do dia 8 de janeiro em Brasília, quando as sedes dos três poderes foram depredadas.
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Perguntas que precisa ser respondidas
As denúncias de Marcos do Val contêm uma série de “pontas soltas” que precisam ser ainda analisadas e esclarecidas, entre elas:
1) Por que Jair Bolsonaro iria confiar um “plot” desta magnitude a um senador que não fazia parte de seu círculo mais próximo?
2) Por que o senador veio trazer essa informação, supondo hipoteticamente que ela contenha alguma veracidade, a público somente agora, após a eleição da mesa diretora do Senado Federal?
3) Por que o senador anunciou sua intenção de renunciar ao mandato após fazer a denúncia? Um mandato de senador não é algo que alguém resolva abrir mão apenas por estar “decepcionado” com a política.
4) Que fatores pesaram no recuo brusco de Marcos do Val, que imediatamente após a denúncia procurou isentar o ex-presidente das acusações que foram feitas em detalhes, relatados na reportagem da Revista Veja, pelo próprio senador, para passar então a colocar responsabilidade exclusivamente em Daniel Silveira?
5) Por que Marcos do Val fez esta mudança de narrativa somente após a pressão, esperada, da base bolsonarista e somente depois de Daniel Silveira ter sido preso?
6) Ainda segundo esta mudança de narrativa de Marcos do Val, porque o ex-presidente concordaria em participar de uma reunião para elaboração de um plot cuja principal motivação, segundo o próprio senador, seria o interesse de Daniel Silveira em ficar livre e ocupar cargo no gabinete do senador Magno Malta?
Existem outras perguntar que podem ser suscitadas pelas várias “pontas soltas” da denúncia seguida de recuso por parte do senador Marcos do Val. Os desdobramentos nos próximos dias poderão elucidar mais esse episódio da conturbada vida política e institucional do país.
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