O bolsonarismo mostra-se incapaz de fazer oposição efetiva ao petismo, inclusive por meio do uso dos instrumentos regimentais do parlamento, revelando-se assim ser aquilo que possivelmente sempre foi e somente começou a ser percebido em período recente: uma linha auxiliar da esquerda petista.
por paulo eneas
A instalação da CPMI de 8 de Janeiro, ques estava prevista para ocorrer nesta terça-feira (18/04) foi adiada por conta de manobra da mesa diretora do Senado, seguindo diretriz dada pelo governo petista. Após acordo entre lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado, a sessão do Congresso Nacional que supostamente irá instalar a comissão foi adiada para o dia 26 de abril.
As manobras confirmam o que afirmamos no artigo O Teatro das Tesouras da CPMI de Oito de Janeiro: Nem Bolsonaristas Nem Petistas Têm Real Interesse na Investigação publicado ontem: nem aos petistas nem aos bolsonaristas interessa de fato a instalação desta CPMI ou a investigação profunda dos eventos relacionados ao dia 8 de Janeiro.
Houvesse real interesse na investigação, o Partido Liberal, sigla do Centrão chefiada pelo mensaleiro Valdemar da Costa Neto e que abriga quase todos os bolsonaristas, poderia utilizar sua bancada de quase cem deputados para obstruir regimentalmente todos os trabalhos na Câmara dos Deputados, impedindo assim a votação de qualquer matéria de interesse do governo petista, até que a comissão fosse instalada.
Lembremos que durante o governo anterior, a oposição de esquerda, com um número muito menor de parlamentares do que a suposta oposição “de direita” ao atual governo, conseguiu instalar sem dificuldade duas importantes comissões de inquérito: a das fake news e da pandemia da covid.
Se a atual CPMI do 8 de Janeiro ainda não foi instalada é por que não existe real interesse de seus proponentes.
Pois a única finalidade da propositura desta CPMI é gerar pauta retórica para os deputados bolsonaristas, uma vez que estes são incapazes de fazer uma efetiva oposição política e ideológica ao governo petista no plano da atuação parlamentar, como ficou mostrado nos depoimentos do ministro da Justiça, Flávio Dino, em duas comissões permanentes da Câmara dos Deputados.
Ao mostrar-se incapaz de fazer oposição efetiva ao petismo, inclusive por meio do uso dos instrumentos regimentais da Câmara dos Deputados, o bolsonarismo revela ser aquilo que possivelmente sempre foi e que somente começou a ser percebido em período recente: uma linha auxiliar da esquerda petista.
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