O projeto original iniciado por Barack Obama de reduzir a influência e o papel dos Estados Unidos no Oriente Médio prossegue sendo implementado pelo seu “companheiro” Joe Biden.


por angelica ca e paulo eneas
O ditador chinês Xi Jinping surpreendeu o mundo no início deste mês de março quando veio a público o anúncio do acordo entre Arábia Saudita e a República Islâmica do Irã, que restabeleceram relações diplomáticas formais após cerca de sete anos de rompimento entre as duas potências regionais islâmicas do Oriente Médio.

O restabelecimento das relações entre a República Islâmica do Irã e a Arábia Saudita foi costurado pelo Partido Comunista Chinês, que desta forma desbancou o protagonismo historicamente exercido pelos Estados Unidos como mediador de conflitos naquela região. O acordo Irã-Arábia Saudita foi o primeiro entendimento firmado entre países em conflito por intermédio do Partido Comunista Chinês.

O anúncio do acordo alguns dias antes da visita de Xi Jinping a Vladimir Putin em Moscou serviu também como trunfo para a alegada “proposta de paz” que a China pretende apresentar para a Guerra da Ucrânia.
Conforme mostramos no artigo Guerra da Ucrânia: Proposta de Paz da China Inocenta Rússia Pelo Ataque e Culpa o Ocidente Pela Guerra, a proposta chinesa é basicamente uma reafirmação da aliança estratégica entre as ditaduras da Rússia e da China e consiste em isentar Vladimir Putin de qualquer responsabilidade pela guerra e exigir da Ucrânia a rendição e entrega de territórios.

Na divulgação do reatamento de suas relações diplomáticas, por meio de um comunicado conjunto Irá-Arábia Saudita, a mídia estatal iraniana postou imagens e vídeos enaltecendo o papel da China no acordo.

As imagens mostram Ali Shamkhani, do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, com o conselheiro de segurança nacional saudita Musaad bin Mohammed al-Aiban e Wang Yi, ambos ao lado de um diplomata chinês.

O acordo ente Irã e Arábia Saudita foi fechado na capital chinesa e representa uma grande vitória diplomática para os chineses, já que os estados do Golfo Árabe passaram a perceber que os Estados Unidos estão perdendo o protagonismo no Oriente Médio.

A China é um dos principais compradores de petróleo saudita. O ditador Xi Jinping, que acabou de ser reeleito para um terceiro mandato de cinco anos, visitou Riad em dezembro passado para participar de reuniões com as nações ricas em petróleo do Golfo Árabes. Esse petróleo é essencial para o abastecimento de energia da China.
O avanço do protagonismo da China na geopolítica do Oriente Médio teve início quando da retirada desastrosa das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão, logo no início da administração de Joe Biden. Para piorar o cenário, logo em seguida a Casa Branca decidiu retirar o grupo terrorista Houthi, financiado pelo Irã e que atua no Yemen, da lista norte-americana de organizações terroristas.

No que diz respeito ao Oriente Médio, Joe Biden vem seguindo exatamente a plataforma do ex-presidente norte-americano Barack Obama, que procurou em sua administração retirar o protagonismo norte-americano daquela região, a pretexto de “restabelecer um equilíbrio no mundo”, nas palavras de Obama quando estava na Casa Branca.

Foi sob a administração Obama que foi firmado os acordo internacional, imposto pela Casa Branca, que possibilitou ao Irã ter acesso a tecnologias para o desenvolvimento de armas nucleares, como mostramos na matéria Possível Acordo Secreto Entre Irã e Rússia Pode Ter Assegurado Capacidade Bélica Nuclear a Teerã publicada há algumas semanas.

O fato é que sob as administrações da esquerda norte-americana, antes com Obama e agora com Joe Biden, a política externa dos Estados Unidos colabora a passos largos para o estabelecimento de um nova ordem mundial baseada na liderança e no protagonismo da China. Fontes: The Guardian | Daily Mail | NPR | Gatestone Institute.



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