Yevgeny Prigozhin estava em voo de carreira civil, possivelmente acreditando que poderia estar seguro. Mas se confirmado que a aeronave civil foi abatida pela defesa aérea russa acarretando a morte de outras nove pessoas, será apenas mais um indicador de que o assassino Vladimir Putin continua sendo especialista em matar desafetos.
por paulo eneas
O dono do exército mercenário privado Wagner Group, Yevgeny Prigozhin, foi morto na tarde desta quarta-feira (23/08) na oblast (província) de Tver, na Rússia, após a aeronave de carreira em que estava viajando ter caído e matado outros nove passageiros.
Fontes do Wagner Group reportadas pela imprensa ucraniana afirmam que a aeronave teria sido abatida pela Força Aérea da Rússia, apesar de ser um avião civil. A morte de Yevgeny Prigozhin, bem como dos demais passageiros, foi confirmada pela agência oficial de notícias russa Tass.
Yevgeny Prigozhin era um oligarca russo ligado a Vladimir Putin. Segundo a narrativa convencional, o oligarca teria criado o Wagner Group, um exército mercenário privado, a pedido do ditador russo. Mas o mais provável e realista é que Vladimir Putin seja o dono de fato do Wagner Group e Prigozhin fosse o comandante de operações.
Uma evidência dessa possibilidade é que a atuação do Wagner Group foi estratégica na invasão russa da Ucrânia há um ano e sete meses, evidenciando ao mesmo tempo a debilidade do Exército regular russo.
A maior parte dos integrantes do grupo mercenário é formado por criminosos recrutados na Síria, Chechênia e outros países sob a esfera de influência russa. A atuação do grupo mercenário não segue as convenções e leis internacionais de guerra, especialmente no que diz respeito ao tratamento de não combatentes civis.
Diversas fontes internacionais, como a fundação conservadora Gatestone Institute, asseguram que existe presença expressiva de mercenários do Wagner Group na Venezuela, cujo regime de ditadura transformou o país em um proxy de Moscou.
Desde o início da invasão da Ucrânia, tem havido conflitos entre os mercenários do Wagner Group e o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu. Os conflitos escalaram no final de junho quando as tropas do grupo mercenário deslocaram-se em direção a Moscou. Houve confrontos localizados entre os mercenários de Yevgeny Prigozhin e soldados do Exército Russo.
A solução da crise foi negociada pelo ditador da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko. O acordo permitiu que a ida dos rebelados do Wagner Group e de Yevgeny Prigozhin para o território da Bielorrússia, cujo regime de ditadura é proxy da Rússia.
A morte de Yevgeny Prigozhin possivelmente foi ordenada por Vladimir Putin, um assassino contumaz especializado desde os tempos da KGB em eliminar alvos bem definidos.
Yevgeny Prigozhin estava em voo de carreira civil, possivelmente acreditando que desta forma estaria mais seguro. Mas se for confirmado que a aeronave foi mesmo abatida pela defesa aérea russa acarretando a morte de outras nove pessoas, será apenas mais um indicador de que o assassino Vladimir Putin continua sendo especialista em matar. A sangue frio.
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