por paulo eneas
Um esquema de espionagem ilegal não apenas de adversários políticos, mas também de aliados, teria sido formado na estrutura da Abin durante o Governo Bolsonaro, segundo hipótese investigativa em andamento na Polícia Federal e que veio a público nesta sexta-feira (02/02) em reportagem da Band, que afirma ter tido acesso às investigações.

Segundo a reportagem, o então presidente Jair Bolsonaro teria mandado espionar ilegalmente seus próprios ministros, entre eles Abraham Weintraub, Anderson Torres, Flavia Arruda e Gen. Santos Cruz, além de deputados e senadores e magistrados da suprema corte.

O crime de espionagem ilegal, ainda segundo hipótese investigativa da Polícia Federal, teria sido cometido por Jair Bolsonaro por meio de outro crime: a suposta utilização da estrutura da Abin para esta finalidade, em procedimentos não respaldados pela Justiça nem supervisionados pelo Ministério Público, a “Abin Paralela”.

Segundo a reportagem, a lista de ministros de governo, governadores, senadores, magistrados da suprema corte e deputados federais supostamente espionados seria a seguinte:

Ministros do Governo Bolsonaro:
Abraham Weintraub
Anderson Torres
Flávia Arruda
Carlos Alberto dos Santos Cruz

Governadores de Estado
Joao Dória (PSDB-SP)
Camilo Santana (PT-CE)

Magistrados do STF
Roberto Barroso
Gilmar Mendes
Alexandre de Moraes

Senadores da República
Otto Alencar (PSD-BA)
Soraya Thronicke (União-GO)
Renan Calheiros (MDB-AL)
Rogério Carvalho (PT-SE)
Omar Aziz (PSD-AM)
Humberto Costa (PT-PE)
Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
Simone Tebet (MDB-MS)
Alessandro Vieira (MDB-SE)

Deputados Federais
Kim Kataguiri (União-SP)
Alexandre Frota (PSDB-SP)
Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Os nomes acima são os que constam da reportagem da Band, que foi ao ar nesta sexta-feira (02/02). Fontes próprias do Inteligência Analítica trouxeram-nos informações adicionais sobre a suposta espionagem paralela.

Segundo estas fontes nossas, a então deputada federal Joice Hasselmann e o então vice-presidente Hamilton Mourão também teriam sido alvo da suposta espionagem ilegal. No caso da ex-deputada, a espionagem ilegal teria envolvido também procedimentos de vigilância por acompanhamento, conforme o jargão da área de inteligência.

Nossas fontes também associam a demissão do ex-ministro Alberto Santos Cruz a uma possível ação de espionagem ou de contrainformação conforme se segue:

O general Santos Cruz teria sido exonerado do cargo de ministro do então Governo Bolsonaro após ter recusado atender pedido de nomeação de onze indicados por um filho do então presidente para cargos classificados como DAS-6, o nível mais elevado e mais bem remunerado na administração pública federal.

Após a recusa nas nomeações, por ausência de qualificação dos indicados, passou a circular nas redes sociais prints de suposta conversa de conteúdo hostil em relação ao ex-presidente e seus familiares, conversa esta supostamente mantida pelo então ministro com um interlocutor.

Quando questionado pelo ex-presidente a respeito da suposta conversa, Santos Cruz negou sua autoria, afirmando que o material em circulação era falso e que na data e horário indicados na suposta conversa o ex-ministro estava sobrevoando a Amazônia. Jair Bolsonaro teria afirmando então que tinha confiança na informação que lhe chegara, o que levou o ministro a pedir demissão.

Após sua saída do governo, o General Santos Cruz enviou voluntariamente seu aparelho celular para perícia na Polícia Federal onde contatou-se não haver registro da suposta conversa divulgada em prints, o que provou que eles eram falsos.

Ainda segundo nossas fontes, questionado de por que não ter levado adiante a prova da fraude dos prints, Santos Cruz teria afirmado que o desdobramento do episódio poderia acarretar a impeachment do ex-presidente e por isso preferiu não prosseguir.

Em entrevista dada o programa Roda Viva em 02/03/2020 o ex-ministro do Governo Bolsonaro, Gustavo Bebianno, que faleceu meses depois, denunciou que o vereador Carlos Bolsonaro teria supostamente planejado montar uma Abin Paralela.

Ainda segundo Bebianno nessa entrevista, que poder ser checada neste link aqui, o plano teria sido colocado em prática no primeiros meses do Governo Bolsonaro com a indicação feita por Carlos Bolsonaro de um delegado para ocupar uma posição na Abin.

Gustavo Bebianno e o general Alberto Santos Cruz, então ministro de Bolsonaro que foi exonerado meses depois, teriam alertado o presidente que tal ação poderia motivar o impeachment do chefe de governo. Ou seja, tratava-se de um crime de responsabilidade.

A resposta de Abraham Weintraub
Uma das autoridades que supostamente teriam sido espionadas ilegalmente por Jair Bolsonaro, segundo a denúncia da reportagem da Band, foi o ex-ministro Abraham Weintraub, que em vídeo publicado em suas redes sociais deu uma resposta enfática à acusação, cujo trecho afirma:

“Quanto ao presidente Bolsonaro, ele não é o que diz ser, a verdadeira essência dele é sombria, a essência dele é má.”


Ainda na sexta-feira (02/02) a Polícia Federal afirmou em nota oficial não haver informações conclusivas sobre a investigações e que estas seguem sob sigilo e sem data para o encerramento.

Os principais sites e canais supostamente de “direita”, que na verdade são veículos chapa-branca de propaganda do bolsonarismo, não haviam até o momento publicado qualquer conteúdo sobre a denúncia, conforme apontamos nessa publicação aqui em nossas redes sociais.

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