por paulo eneas
Com o patrocínio do Governo do Estado de São Paulo, chefiado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, foi realizado neste domingo a Parada do Orgulho LGBT na Avenida Paulista. O evento que trata de uma temática essencialmente adulta contou com a participação de crianças, e o tema “Criança Trans Existe” esteve presente ao longo da passeata.

É nosso entendimento que pessoas adultas são obviamente livres para organizar e participar de eventos que expressem suas preferências e opções, e condenamos qualquer forma de discriminação que possa haver em relação a escolhas feitas no âmbito da vida pessoal adulta.

Mas julgamos temerário que recursos públicos sejam destinados a tais eventos e mais temerário ainda que se permita a participação de crianças em situações que podem atentar contra o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A este respeito, um advogado com alguma experiência poderia até mesmo interpelar o governador paulista por suposto crime de responsabilidade por ter patrocinado evento que supostamente teria infringido tal estatuto.

Os bolsonaristas, com uma ou outra exceção, reagiram como de praxe de maneira cínica e dissimulada diante do fato. A maioria dos parlamentares bolsonaristas condenou o evento, reproduzindo assim a maneira estúpida e preconceituosa com que a direita trata o tema, mas fizeram questão de não mencionar o patrocínio do Governo de São Paulo.

A maneira estúpida e preconceituosa e obscurantista com que a pseudo-direita dominada pela mentalidade de templário de apartamento que vive do erário público aborda o tema da politização da vida sexual adulta já foi objeto de análise aprofundada por parte de Olavo de Carvalho, e voltaremos em breve a esse tema.

Mas o fato é que aquilo que vimos no final de semana foi mais uma mostra de indignação seletiva, balizada pelo interesse político-eleitoral, que torna tal indignação falsa e dissimulada, como é próprio de quase todas as manifestações públicas do bolsonarismo.

Outro argumento cínico usado pelos bolsonaristas diz que o governador seria “obrigado” a patrocinar o evento por constar do orçamento aprovado ano passado. Quer dizer então que, para um bolsonarista, se o orçamento determinasse a alocação de verbas de promoção do aborto, por exemplo, o governador deveria executar?

A mentira desse argumento é que ele esconde que o Poder Executivo detém mecanismos de contingenciamento, que conferem margem ao governante quanto ao momento de executar uma rubrica orçamentária dentro de determinado ano fiscal.

Além disso, como as imposições orçamentárias são por setores e não específicas, o governante pode fazer manejo de verbas. Poderia alegar o aumento da criminalidade, violência e consumo de drogas no Estado de São Paulo sob o governo de Tarcísio de Freitas para realocar verba dentro de cada setor para programas específicos voltados a estes problemas.

O fato é que Tarcísio de Freitas fez uma escolha política e ideológica: patrocinou o evento e fez proselitismo verbal da agenda, usando os mesmos pretextos que a esquerda usa para impulsionar esta agenda.

Portanto, o episódio apenas confirma o diagnóstico que estamos fazendo há tempos: bolsonarismo é uma força política de esquerda que ocupou por usurpação o espectro político da direita usando de um discurso dissimulado e manipulador.


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