por angelica ca e paulo eneas
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (25/10) mostra uma queda substancial na aprovação do governo petista e no trabalho do petista Lula entre agosto e outubro deste ano. O índice caiu seis pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, enquanto a reprovação do governo subiu sete pontos.

Em agosto, 60% dos brasileiros avaliaram de forma positiva o trabalho do petista. Em outubro, esse percentual caiu para 54%. Já o percentual dos que desaprovam o mandato do petista subiu de 35% para 42%, e se igualou ao maior patamar desde o início da série histórica, iniciada em fevereiro deste ano.

O recuo na avaliação do governo se deu de forma generalizada, alcançado todas as regiões e estratos sociais. É também a primeira vez em que a desaprovação do governo entre os próprios eleitores de Lula chega a quase 10%. Além disso, a reprovação voltou a crescer no eleitorado que votou em Jair Bolsonaro após três rodadas.

Os que disseram não saber ou não responderam passaram de 5% em agosto para 4% em outubro. A opinião sobre se o país está na direção correta se inverteu. No levantamento de junho, 46% acreditavam que sim e 41% disseram que não. Agora, 49% apontaram que o Brasil está no caminho errado, enquanto 43% ainda acham estar na direção certa.

Conforme avaliação do diretor da Quaest, Felipe Nunes, o aumento na reprovação do governo petista está associado ao pessimismo com a economia e na quantidade de viagens internacionais do petista. A posição de tolerância do governo petistas brasileiro em relação ao grupo terrorista Hamas também é apontada como um dos fatores que explica o aumento na reprovação.

Segundo informa a Genial/Quaest, foram realizadas 2.000 entrevistas presenciais entre os dias 19 e 22 de outubro de 2023. A margem de erro do levantamento é de 2.2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95% do total da amostra.

Nossa análise:
Oscilações na aprovação ou reprovação de um governo em seu primeiro ano são usuais e não indicam necessariamente uma tendência definitiva para todo o mandato. Mas no caso atual do governo petista, os fatores que realmente importam associados ao aumento da reprovação (as viagens internacionais apontadas pela pesquisa em nosso entender são irrelevantes), como o pessimismo com a economia e a não condenação do terrorismo do Hamas, colocam um dado novo a ser considerado:

Esses fatores reforçam a polarização ideológica que o Brasil vive há cerca de dez anos ou mais, uma polarização que reside basicamente na esfera dos discursos e que tem por condão deslocar o debate público para uma camada distinta daquela em que ele deveria residir no que diz respeito ao trato e apresentação de soluções aos problemas reais vividos pelo cotidiano dos brasileiros, como a criminalidade e a violência, baixo nível da educação nacional, precariedade das condições de vida na maioria nos centros urbanos.

Esse problemas reais há anos deixaram de ser a matéria prima para o debate político para tornarem-se apenas pretextos para embates que residem unicamente no campo ideológico, embates esses que não se traduzem necessariamente em políticas públicas voltadas para a solução desses problemas.

O desafio que se coloca para uma direita nacional que se pretenda reconstruir é o de capacitar-se para esse embate ideológico para além do denuncismo discursivo, e fazer desse debate o vetor de apresentação de soluções concretas para os problemas materiais vividos pela população.

A direita brasileira a ser reconstruída precisará legitimar-se ante a sociedade não pela sua retórica ideológica antagônica à esquerda (retórica esta que na maioria das vezes é oca e não encontra sua contraparte nas políticas públicas empreendidas por esta direita), mas pela sua capacidade de apresentar e executar políticas públicas que tragam soluções para os problemas percebidos e não percebidos pela população.


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