por angelica ca e paulo eneas
Apesar do boicote dos bolsonaristas, determinado por ordem de Jair Bolsonaro, e apesar do recuo do grupo neo-esquerdista MBL, manifestantes saíram às ruas neste domingo (04/06) em atos de protesto em Curitiba (PR) e em São Paulo (SP) contra a cassação do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Em Curitiba (PR), a concentração dos manifestantes ocorreu no bairro da Boca Maldita, região central da capital paranaense. O manifestantes protestaram contra a censura, corrupção e contra a cassação do mandato de Deltan Dallagnol. Não houve registro de incidentes de qualquer tipo no transcorrer do ato.
Em São Paulo, os manifestantes, em menor número, reuniram-se na Avenida Paulista. Sem as camisetas amarelas que caracterizaram as manifestações de rua nos últimos anos, os manifestantes usavam trajes comuns. Muitos dos participantes seguravam balões pretos que, segundo os organizadores, representariam os 345 mil votos que Deltan recebeu nas eleições passadas.
Os manifestantes também protestaram contra a indicação feita pelo petista Lula do advogado Cristiano Zanin para vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, indicação esta que conta com o apoio da base bolsonarista no Senado e do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
No artigo Editorial: Nossa Posição Sobre a Próxima Manifestação de Rua Convocada, publicado na semana passada, expressamos nossa opinião sobre tais manifestações. Dissemos quer não há no momento qualquer embate político significativo na opinião pública em torno de algum tema de real interesse político ou econômico do povo brasileiro.
Pois entendemos que toda a discussão política nacional está encapsulada numa camisa de força da cismogênese criada entre petistas e bolsonaristas em torno de narrativas puramente ideológicas que não refletem em nada os reais problemas do País, pois os interesses reais do povo estão há muito tempo alijados do debate político.
Deixamos claro que o mandato de Deltan Dallagnol precisa ser defendido, e aqueles que têm que fazer esta defesa, e detêm os meios e os instrumentos institucionais para tal, são seus pares, os parlamentares. Eles que usem os recursos públicos que têm à sua disposição, a estrutura de seus gabinetes e os mecanismos institucionais e suas prerrogativas para fazer esta defesa.
Em nosso entender, os parlamentares, principalmente os da suposta direita, precisam parar de terceirizar responsabilidades que são deles e jogá-las nas costas do povo. Se estes parlamentares não têm competência para fazer uso devido de seus mandatos, que renunciem e cedam a vaga para quem sabe fazer o trabalho para o qual eles se mostram incompetentes.
Por fim, enfatizamos que o povo somente deve voltar para as ruas na defesa de pautas e agendas que dizem respeito diretamente aos seus interesses e não aos interesses deste ou daquele político, seja ele bolsonarista, centrista, ou lavajatista.
Para isso, as manifestações de rua precisam recuperar o seu sentido original: elas devem ser atos legítimos da população, pacíficos e dentro da legalidade, destinados a cobrar os políticos para que eles façam aquilo que a população quer e exige.